terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Fingimento

Me disperso
Assim, como quem não tem foco
Um mundo louco talvez soubesse de mim...
Um encontro desencontrado
Um vilão e um violão
Maldades e canções...
Uma tensão despreocupada
Uma vida culpada
E verdades felizes...
Uma sombra assombrada
Um calor nesse meu inverno esquisito...
Onde estão os objetivos?
Sobrevivo à amargura de estar no fundo do poço...
Meu calabouço
Um moço feliz e estranho...
A carta escrita não lida
A facada na garganta
O atropelamento das palavras
As questões inquestionáveis da vida
A obscuridade tão clara
A parada que não pára
Nem parada cardíaca...
A cara é um cara que dispára
O revólver a queima roupa
Que se veste de ilusões
Contrárias a alma nua
E lavas de vulcões...
Mostro-me monstro do armário
E demonstro sair do armário
As verdades inaceitáveis, inalienáveis...
O mundo perdido
Que fede, que pede, que não se perde
O tédio, as ansiedades
As injúrias e as coisas sem sentidos...
As notícias inoticiáveis
O sangue correndo na pista
A pista do assassino
E assino em baixo para cima
o crime imperfeito não cruel
Não retratos de infância
O relato da testemunha
Que tanto roe unhas...
E eu me espantaria se eu soubesse viver?
Um modo modificado codificado e inseguro
Uma pureza impura dessa realidade dura
Indurável tempo de doçuras
E a eternidade da dor...
Mas posso acabar os momentos imomentaâneos
E instantâneos me devoro...
Vou embora, dispersamente, e a mente louca
E a voz que sai da boca
Não é a minha, nem de ninguém...
Finjo, porque fingir é a mais pura maneira de sinceridade.

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