terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Eu vou seguindo sem querer
Sem saber
Sem compreender
Sem aprender
E nada mais vou fazer
Senão Viver...
E prender a vida na alma
E acabar com a dor...
E os olhos se abrem
Sem se entender
E se fecham as portas
Sem de nada saber
E o objetivo da derrota
É um dia vencer...
A fala quer dizer
A voz quer falar
A dor quer ouvir
A palavra amar...
É contrária toda força a favor
Borboletas sem asas
Sem casas
O fogo sem brasas
E sem nada se ter
Tem-se o nada
O beijo da namorada oculta
Inculta...
Sentir a pele pelo apelo da alma
À flor da pele sem jardins
As palavras escritas da verdade
E vou seguindo sem saber
Sem entender
Porque se a vida não é viver
A morte também não é morrer
E paramos em um ponto final
Sem início.

Sem voltas

Me iludi
Confessei o meu crime
Me entreguei ao inimigo
Fiz da alma um perigo
E morro a cada dia.

Fui, desde a infância
Um amor perplexo a me torturar
E não há mais como voltar...

Vigiei meus pesadelos
E eu sofro tanto
Que até mesmo o suicídio não me quer...

Outras vezes, outras verdades
Fui uma mentirosa
E acabei morrendo
O prejuízo de uma alma vã.

Mas de que adianta as falhas
Se minha batalha nunca existiu?
A vida cansada, cheia de tantos vazios...

Fingimento

Me disperso
Assim, como quem não tem foco
Um mundo louco talvez soubesse de mim...
Um encontro desencontrado
Um vilão e um violão
Maldades e canções...
Uma tensão despreocupada
Uma vida culpada
E verdades felizes...
Uma sombra assombrada
Um calor nesse meu inverno esquisito...
Onde estão os objetivos?
Sobrevivo à amargura de estar no fundo do poço...
Meu calabouço
Um moço feliz e estranho...
A carta escrita não lida
A facada na garganta
O atropelamento das palavras
As questões inquestionáveis da vida
A obscuridade tão clara
A parada que não pára
Nem parada cardíaca...
A cara é um cara que dispára
O revólver a queima roupa
Que se veste de ilusões
Contrárias a alma nua
E lavas de vulcões...
Mostro-me monstro do armário
E demonstro sair do armário
As verdades inaceitáveis, inalienáveis...
O mundo perdido
Que fede, que pede, que não se perde
O tédio, as ansiedades
As injúrias e as coisas sem sentidos...
As notícias inoticiáveis
O sangue correndo na pista
A pista do assassino
E assino em baixo para cima
o crime imperfeito não cruel
Não retratos de infância
O relato da testemunha
Que tanto roe unhas...
E eu me espantaria se eu soubesse viver?
Um modo modificado codificado e inseguro
Uma pureza impura dessa realidade dura
Indurável tempo de doçuras
E a eternidade da dor...
Mas posso acabar os momentos imomentaâneos
E instantâneos me devoro...
Vou embora, dispersamente, e a mente louca
E a voz que sai da boca
Não é a minha, nem de ninguém...
Finjo, porque fingir é a mais pura maneira de sinceridade.

Apenas um poeta

O poeta da solidão
Que ama, a seu modo
Confessou-me não mais amar...

A alma observadora
Dessa vida avassaladora
Que transcede o sentir e o pensar...

O poeta como sujeito social
Sujeito indeterminado e determinado
A falar o que sente
Em forma de entrelinhas
Sem estar na linha...

O poeta incompreendido
Insalubre e sonhador
Que faz amor em versos
O caminho cheio de pedras
E perdas...

O poeta que não transceda a verdade
Que a cura maléfica
Se rejeita...
O poeta da vida perfeita.

O segredo do sagrado

O segredo do sagrado
É a revelação de um coração sangrado
A vida por um lado só
Um nó na garganta
A água que vira pó.

E sente pena e dó
Uma flor murcha
Meu lixo que luxa
E ser bruxa boazinha...

Ainda bem que me revelo
Apelo e me pelo de medo da verdade
Que é sagrada e sangrada
A alma se evolui
Influi os medos e os dedos
Conturbados de idéias apontadas.

Foge às ânsias qualquer ansiedade
A vista nua
A alma vestida e carne crua
A noite escondida da lua
E a rua apagada e fechada.

O segredo do sagrado é a dor
E o amor inventado
As leis que regem esse país
Acabar com a felicidade e ser feliz
O trabalho que falho e as tralhas todas da vida.

Comunico e interligação
O sagrado é o segredo do profano
A vida certa por debaixo dos panos
E o erro à tona...
O segredo revelado
E morto e velado
No sagrado.

Inventáveis

Ventos inventáveis
Essa vida que não invento
O ser isento
Sentimentos refutáveis...

Antigamente eu era errada
E a propósito me encontrei
Um encontro desencontrado
Uma vida desconsertável e desconcentrável...

Talvez não exista dúvida
De que a vida seja bela
E o mais livre sentimento
Encontra-se na sela do coração...

Coração soprado,
Amargurado de tanta dor,
De tantas vidas inventadas (sem ventos)
Ventos que levam as coisas ruins...

Eu queria ser vento
E ventania invisível a ser vista
E a arte que não tenha artista
A vida por si só...
Em um nó amarrando a alma
Em um pó carregando a calma
Em se ter dó naufragando os traumas
E a vida na palma das mãos...
Mãos inventáveis.
Está chovendo nesse meu sol claro
E claro que anoiteceu a vida
A verdade preta e escondida na mata
A verdade que mata, que cega
Que se entrega em um ato de loucura
A cabeça dói e bate na parede que pára e fura...
Furacão e ventos e redemoinhos
Inquietude da alma áspera cheia de carinhos
Repreendidos!
Um novo começo
Um novo meio
Um novo fim
E isso já é velho demais!
Presto atenção na razão má
E uma amiga me falou secretamente que me ama
E escândalos e dúvidas e certezas cruéis
Vidas fiéis ao sofrimento
Um momento de sensatez, e sou louca.
Eu quero o frio do meu artifício e calor
E ver sem está vendo e sentir amor
Mesmo com dor...

Eu quero o vazio cheio do meu receio e ser incolor
E ter sem ter nada e sentir qualquer flor
Mesmo sem esplendor...

Eu quero sem querer muito, sem favor
E mesmo com o favo de mel e horror
Estaria a vida sendo um terror...

Não quero nada que a vida não seja, nem se for
E o sol que não se põe, nem se pôr
Mesmo que por acaso, seja o atraso e a tinta sem pintor...
O sexo arrancado de tanta dor
E as unhas queimadas
E os cabelos amarrados numa barra de ferro
E enterrado o corpo vivo e nu
E furados os olhos para não ver tão cruel realidade
Realidade irreal mesmo sendo surreal
E esquarteja e beija e devora
E desenterra o corpo e se apavora
E finge o bem querendo o mal...
E junto aos bichos numa lata de lixo
O corpo devota de amor e anjos
E céus e demônios felizes
O sangue para saciar a sede
E a vingança!
O fogo que queima e arde a alma
Como larvas de vulcão
E lava-se a alma com pecado e perdão...
E um cigarro aceso
E o sentimento de culpa preso
E liberto e asfixiado e tomado.
Eletrifica o corpo para sentir a energia da vida
E da morte
E a sorte e o azar de sofrer
E amar e chorar e querer.

Tempestade em copo d'água

Se eu não me engano,
Estou certa ao ser incerta
E fazer do fim do ano
A maior festa
Festa de dor
E rancor e amor
E pudor!
Se eu não finjo,
Serei fingimento
Os objetivos que não atinjo
E o nãos aproveitados momentos...
Tudo é reflexo de um complexo sistema simples
Que a gente inventa e faz bicho de sete cabeças
E a gente esquece de se lembrar da vida
E não se perecebe e não se vive
Eu tive um sonho
E o matei afogado
Em um copo d'água...

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Fruto do Meio

Desejo sorte e dor e morte
Abro corte e amor e que nada importe
Vejo forte e flor e que nada se esgote...

Beijo ferida vida inócua
Sem entendimentos...
Sem sofrimentos...


Desejo maldades e verdades e angústias
E momentos...

Latejo dor profunda e vida imunda
Lampejo amor e morte fecunda
E sou má...
Espírito negro e regras
E a vida se desintegra...

Desejo egoísmo compartilhado
O gozo desgostoso
O hálito de garganta inflamada...

Vejo com a boca o beijo
Brejo meu palácio
Meu ócio...

Desejo pecados e infernos e feridas
E a salvação do sexo selvagem
E verdades...
E falsidades...

Mas se me quiserem bem
Desejo o bem
Sou o que me desejam
Mesmo que nada sejam
E me pelejam...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Dispenso alegrias
Penso um horror de coisas
(coisas descoisificadas)
Compenso tudo que sei
E não sei nada...

Perpenso perplexo, o mundo
Que de tão imundo
Rima comigo...

Meu perigo
Isso não digo...

Um abrigo
Um momento que brigo
Meu umbigo
(não sou egoísta)

Apenas me entrego
Sem ego
Amor cego
(prego, prego, prego)
Meu martelo amarelo (sem cor)
Que não bate...abate!

Sem sentido ( e tido)
Proíbido, tamanhos problemas
Proporciono, me aciono...

Meu castelo encantado não cantado
Porque não há música
Vida rústica...

Hoje por ocasião de ontem
Serei amanhã...

Vã e quase sã
Uma noite de manhã
E um sentido para isso tudo...
Eu sou louca!

Hemorragia

Meu sangue não é vermelho
Minha alma não tem cor
Meu eu esconde-se no espelho
Sangro sem sentir dor.

Minha mãe me acalenta
O pulmão quase sem respiros
Deita, levanta, senta!
Do quarto me retiro...

Vou ao médico dizer 33
Mas a dor não espera sua ordem de chegada...
Fazer o que a dor faz se nunca fez
Perder muito sangue, se quase não tem nada...

Derramo hemo
A vida é assim mesmo
A morte temo
Viver qualquer dor sem enfermos.

Ontem

Ontem,
Off não tem
Quase meio "zen"
E a faca na garganta...

Ando interiorizada
Sem caminhos,
Sem ninho
Sem carinhos...

Ontem
Tive um pesadelo
Meu eu quase perdi
E eu não quero perdê-lo
E morrer o que nunca vivi.

Estética antiética
Alma vulgar
Verdade cética
Sem verdades vou cantar...

E a faca na garganta
A alma deitada se levanta
A dor canta...

E eu ligo
Brigo
Fisgo
Inimigo
Antigo
Consigo
Contigo
Abrigo
Perigo!

Ontem...
Ontem...
Ontem...

Fuga

A janela está aberta
O sinal está verde
A verdade está certa
O amor sempre perde.

A alma que se mede
Foge hoje.

O despertador alarmou
Esperteza não muito otária
Muitas varizes várias...

Ao som de Chico Buarque
Marquêz de Pombal -
Nada que me marque
O mau cheiro de charque...


Correu, morreu...escorreu em fuga
A puga atrás da orelha
E negra a ovelha
E fugir por cima de casa - destelha...
A vida vermelha!

Fugir para longe
E sempre estar perto...

Fuga para o necrotério
Morrer de medo da dor
Fugir do humor e ser sério
Ser sexo sem amor...

Fugi...



Ôpa, voltei...
Encontrei-me perdida.

Sem maldades

Agora é cedo...
E sou tarde demais.

Agora eu amo
Promíscuidade da alma.

Quero o bem-me-quer
Que não me quer...

Agora o meu corpo de graças
Já não tem mais graça
A alma fugiu.

O sexo verbal não poético
O complexo mundo antiético
Remédios epiléticos...

O sexo oral sem horas
Altas horas...e nós!

E a vida se passando lá fora...
E agora é tarde demais para nos reencontrar...

Chove. Sou pecado
Abro meu coração e minha pernas...trêmulas
Como as mãos palpeando seus seios
Sem anseios. Sem receios.

Imagina-se a vida nua
Na amargura, na rua
Minha alma que é sua
Minha outra metade da lua.

É só imaginação. Animação...
Paixão. E nós a rolarmos no chão.

Chão que um dia deixarei de pisar
Construirei nossa floresta
Nossa selva (para nos debruçar).

Ser dor sem latejo
Ter seu corpo inteiro num beijo
Premícias de mais desejos...

Lá fora lampeja
E nossa peleja...

Ainda bem que o amor é fase.
E nós fazemos amor
Sempre que a dor nos ameaça...
Assim, fugimos das maldades da vida.

Cada

Cada verso inverso, uma dor
Cada mundo imundo, uma flor
Cada insônia de Sônia, um amor
Introspecto meu exterior...

Cada vento invento, uma cor
Cada sento isento, um favor
Cada catavento, catador
Incerto meu mundo incolor...

Cada frase inflamável, uma vida
Cada crase implausível, uma vírgula
O que fazes imposível, uma verdade
E tu serás a força...À força!

E eu, a cada momento, minto
A cada sentimento, não sinto
Cada queda inquebrável, inquedível
Logismo neo - assim, a cada palavra minha.
Invento vento que sopra
Catavento e vida que sobra
Muito barulho e confusão.

Queda e quebra abracadaba fechada
Abraçada...Sem braços!

Inverno não chuvoso
Lixo ácido limpo
Antigamente as coisas eram novas...

Perece que a calma é tão desesperadora
Alma desesperada...
Algo me espera!

Algo sem coisa alguma
Vida nenhuma sem caminhos
Um caminho perigoso
Viajei de caminhão...

Feijão verde, piqui e queijo
Meu baião está pronto
Mas apronto um monte de besteiras
E besteiras são tão importantes...

Exporta e importa
Economia de balanças comerciais
Balança a criança na rede
Faça ela dormir...
Balança a vida, então!

É verdade que os astronautas nunca foram à lua
E eu fui a lua branca que some quando amanhece o dia
À noite, virei drácula
Morcego e sossego (sou inquieta, anêmica)

Apaguei os poemas dos poetas incontidos (duplo sentido - poemas ou poetas?!)
Fui tema proíbido há mais de três décadas
E nasci há duas décadas apenas...

Que pena que não há pena de morte
A pena não escreve mais
Corte e cortês mais uma vez...

E era uma vez esse poema
Sem pé nem cabeça
Mas com alma.
Velhas lembranças:
Areia e pedras
Arame e palha...

Um terreno baldio
Pedaços de tijolos
Lençois e velas...

Água e baladeira
Peão e bila e pipa
E bombolê e trancelim.

Hoje, novas lembranças:
Eu (adulta frustrada)
Uma alma inquieta -
Mais nada.

Discursos contrários

A vida é a morte
A dor é a alegria
A verdade mente
A noite está de dia...

Assim, de outro jeito
Perfeita imperfeição
Errado o meu direito
Alma em baixa inflação...

Vocábulo discursivo ( não sei ler)
Discuto, escuto inculto o meu oculto...
Anafalbetismo, meu batismo
Comunismo das idéias...

Idéias náufragas
Por serem contrárias às vigências normativas...
Não correspondem fielmente à gramática...

A gramática é problemática
Problemas de matemáticas
Minha temática...
Linguagem fática!

Hímen - ser virgem sempre
E encontro operário contrário
Um otário de salário mínimo
O mínimo da vida é viver
E mal se sobrevive...

Sem nexo, o meu discurso
Feito sexo sem amor
Com os dedos...
Meu medo
Com a língua...Linguagem fática!
Estou em cima da rima
Mas ultimamente prefiro os versos livres...

Falta algo, eu sei...
O moço, as festas no peito
Ou o príncipe encantado.

Isso não é liberdade!

Penso estranhamente
Sinto indescretivelmente...

Rezo porque não quero morrer...
Sonhos vêm e vão - em vão...
A alma, meu chão sujo.

Rezo descrentemente
Meu café quente e amargo
Feito minha vida absurda.

Sou pobre, mas tenho a beleza...
Mas tenho a dor
Mas tenho os medos.
Mas...
Contrariamente sou certa.

Estou em cima da rima
Minha vida para baixo...
Versos são invenções
Invenções estas tão verdadeiras...

Estou em cima da rima (no mesmo verso)
E isso tudo termino - não mais converso
Repenso...
E sempre falta algo...

Metalingüismo

Penso poesia que passa,
Poesia que pede,
Que pensa...

Percebo poesia que se perde
Poesia penosa
Que percebe...

Pareço poesia sem palavras
Poesia perigosa,
Poesia que parece...

Posso poesia poderosa
Poesia que padece,
Que pode...

Patética poesia em prantos,
Poesia em pausa
Poesia que pára.

Ilusão

Eu poderia acreditar em um mundo melhor
Brincar de ser feliz pelo menos uma vez...

Mas a vida foi feita para ter fim
E infinitamente acredito na eternidade...
...E isso acaba comigo!

Sorrir para a menina bela
Ou para o moço atrapalhado
Um futuro, uma verdade, uma saída...
Os problemas cotidianos dos outros
Que ninguém quer saber...

Um amor, um abraço, uma voz...
Uma mensagem
Minha passagem para a desilução.

O conto de fadas sem canto, sem encanto...
A política demasiadamente pouca
A razão demasiadamente louca
Minha voz demasiadamente rouca
Por gritar e ninguém ouvir!

Filhos, Igreja
Qualquer coisa que seja
Para poder ser feliz...
A felicidade não existe...
Ela é triste!

Acredito em mim
E morro por saber que o amanhã morrerá
Sem que ninguém perceba...
Fim.

A fala

Escrevo a fala que cala
Exala silêncio
Sem timbre - a voz.

Escrevo a fala sem discurso
Pulso barulho
Sem argumentos - a fala.

Escrevo fala sem linguagem
Vantagem idiomática
Sem compreensão - a fala.

Falar sentimentos,
O que se sabe,
O que se quer...

Discutir, narrar, descrever...

Eis minha fala calada...
Nada houve...
Ninguém ouve,
Mas apenas fala.

Para Quedas

Pára-quedas
Para o alto e caia...
Parabrisas...
Parabéns, meu mal...
Parachoques não elétricos
Parece tudo desigual
Aparece meu sumiço assim de repente
Para além de tudo ser nada...
Padece a vida porque não vive
Perene é a alma e pára...
...Tudo a mim pertence...hipertenso!
O bom senso insosso - paralamas...
Paralelo meu paralelepipedo
Percebe o que dorme sem sono - meu pijama
Pará, verde estado desmatado
Onde vive a moça estranha e bela...
Desmatado, ainda bem!
Porque quem o tivesse matado,
Iria se ver comigo...
Ninguém me ver...
Parafraseando, parafina...
Pífano sem som
Em minha toca ninguém toca, ninguém o toca...
Para isso, portanto...
Poemas e esquitossomose
As palavras paradas.

Enfermos

A vida dói tanto
Em geral, sou peculiar
Sinto fome, sinto sono, tenho amor...
Rezo todos os dias
Os santos me desconhecem
Os loucos sabem quem eu sou...

Fazer do bem o mal
A alma corruptível
Basta o Poder!
Os seres humanos que não são humanos
Nem deuses...

A saúde em mim se faz
Quando me abstenho da dor
E desacredito das crenças...
E acredito nisso tudo que sinto e escrevo.
A tarde arde
O suor na testa
O semáforo vermelho
As avenidas sujas da vida
A preocupação neurótica...

A noite, alma erótica
Música gótica
Flor de lis para ser feliz...

Vivencio no cio
Artficial frio
Meu cheio vazio...
E choro e rio
E a vida escorre pelo rio...

Rio Salgadinho
Poluído (alma suja)
A dita cuja - Fuja!
Minha caramuja...

Olhos vivos
Paisagem morta
Levei uma paulada na cabeça
E Paula não quer saber de mim...

Estudo...
Tudo e ser nada
Quase sempre...

De madrugada, as insônias
E Sônia não quer saber de mim...

Espaço, espero
Não quero mais porque quero
Um sentimento mero...

Entendo e não tendo
Ser se não sendo for
E ver porque vendo é
A poesia é esta flor...

Flor que não cheira,
Mas tudo que passo agora, retrata
E mesmo que não queira
Poesia é vida e mata.
Com qualquer sorriso, a dor
O que nunca preciso, mais amor
O chão que piso, perfumes de nenhuma flor
Qualquer juízo, minha cor
Meu paraíso que não é e nem se for...
Assim, poetiso, profetiso: meu humor

Sem opções

Hoje em dia a mesma folia de sempre
Periodicamente, perde-se o valor
Entender a mais-valia é taxação
Comunista sem ação.

Mais valia o homem sem valor
Do que a validade eleitoral vencida?

Por favor, por amor, por dinheiro...
O mundo inteiro mundializado
Horrorizado com essa história sem futuro...

Subi no palanque político
Participei do banquete
Lavei roupa no tanque
Fui na praça e tomei um sorvete...

Meu voto veta - sem inventor
Não sou atriz nesse cenário
Mataram um otário
Porque foi acusado de traidor...

Eu não traio a dor...
Sou fiel a minha alma
Perco a calma sem aplausos
E meus casos e acasos
...É tudo raso.

Opções.
Sexuais, politicais, infernais...
Quem quer menos com mais?
Vidas ilegais...

Então, decidi votar em branco
Ficar em cima do muro
Mas o muro de Berlin foi derrubado
E eu caí...
Sou sem cor.

Um político amigo meu
Pobre coitado, morreu!
Foi baleado pela dança de balé...
Coisa de menina!

Mais tarde será muito cedo
E eu tenho medo da política e toda sua conjuntura
Democracia ou Ditadura?
República ou Império...
É sério!
A vida ou a morte
Não tenho opções.

Escrevo...

Escrevo porque tenho pressa
Posso passar o tempo todo na graça literária
A modo grosso, de graça e desgraças...


Escrevo porque me impressiona muito a alma
E me pressiona tanto a dor que já não dói tanto
(tanto, tanto, tanto, tanto)

Me agarro em mim
Sou cigarro aceso
E a cigarra a cantar...
Meu carro não tem combustível
(não tenho nem carro)
Me amarro na corda que acorda de manhãzinha cedinho
Como?
Como incomestível...

À tarde vou para uma pelada
Meus amigos querem que eu jogue na lateral...
Mas o meio está nu, cru...
Meio Ambiente
E eu estou meio confusa...

Indagações das borboletas
Sem asas...
Nos ônibus lá estão elas inférteis e paradas...
Aquela "parada" é pesada demais (de menos - pelo menos)
Amenizo...

Escrevo porque gosto do ingostável
Esgotável, reciclável idéia inreciclável...
Comparo e não páro (sem páros)
Continuo escrevendo...
Porque escrever não é ver
É sentir...e sem ti (Óh! textos ilegíveis legais)
Não seria eu, nem seria ninguém...
Porque escrevo para refletir...
(Meu reflexo sem nexo, bem complexo, em anexo o meu sexo - bem simples).

Devoção

De todos, ninguém
De muitos, quase poucos verdadeiros
Entendo inteiramente a metade
As partes que partem a vida
Sozinha...Em parte!
E caminho para qualquer parte
Sem arte...

Agora (sem tempo)
De loucos, a sanidade
De semelhanças, a diferença
De distantes, a proximidade
Um abraço de fácil acesso
Insensível...

De amores desamados
Alma desalmada
De mundos inquietos, a tranqüilidade
Um carinho explícito envergonhado
Cheio de pudores, a vida!

De voto, não eleito nenhum político
De soltos, a liberdade presa
De belos, a feia beleza...
Devotos, a santidade cristã
De manhã
Alma vã quase sã...
Coração em devoção
Poesia destrambelhada
Fotografia sentimental
A alma que devota, revolta, escolta a dor.
Cada sentimento um momento inoportuno
Qualquer argumento e ser qualquer absurdo
E surdo...
Ninguém ouve o que nada houve
Sempre assim, por que não?
Porque se sim, a verdade escondida...

Qualquer coisa invento
Ventos sem ventania
Catacreses e cataventos
A noite estar de dia...
Crases, vírgulas e agudos...
Me exclamo!

Preposições de verdades
Com gramáticos problemáticos
Inquietos, loucos...

Qualquer modo é moda
A vida incomoda
A verdade sozinha se acorda...

Travo, lavo, enxugo
Resmungo a escrita da poesia
E acabo por não dizer nada...

Mas atrás do muro
A dor sempre curo
O abstrato é tão concreto
Vivo longe de mim por estar perto sempre...
E a felicidade é escombros da alma
Qualquer momento...qualquer absurdo!

sábado, 27 de setembro de 2008

Fiz um poema secreto
Que o tempo vai apagar
Fui um tudo nesse deserto
Mas não fui sal para o mar...

Inventei de rimar dor com paixão
E ser sincera em todas as mentiras
Fui poeta do chão
E o céu me retira...

Todas essas minhas pobrezas
Fazem-se ricas de mim
Uma operária burguesa
O início de um fim...

E tu me perguntas honestamente
O que tem eu a ver com isso?
A verdade que mente
O dever sem compromisso.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A noite é branca
Teus olhos não têm cores...
O peito de dores
Alma romântica.

Quem me dera ser a dor
Para te matar aos poucos
E contigo, fazer amor
Os amores mais loucos...

Quero ser vingança
Te embriagar de vinho
E sermos duas crianças
Em busca de carinho...

Ando, quero tua paz
Minha alma não tem tamanho
A vida em morte se faz
Essa é a perda que eu ganho.

Sou paradoxo, tu sabes disso
Mas me inventas quando queres me beijar
O nosso compromisso
A alma sente e quer lograr...

Minha menina, minha deusa
Meu eu esqueceu de mim
E tu fazes minha beleza
E inicia o meu fim.

domingo, 13 de julho de 2008

Espero um dia que eu tenha dias
Absolutamente sou relativa
E introspectivamente, sou solitária
Me acompanho em algo inoportuno
E pela poesia, erro pronominalmente
E quem entende bem, sabe
E quem não sabe mal, finge
O bom disso tudo, meu mundo não é mau
A alma é aberta,
Sou poeta
Sou princesa das palavras
Sou dor que encrava no belo
E para muitos, é feio tudo isso
Um compromisso disperso
Uma poesia sem versos
Uma poesia branca que fala de negros
E apesar tudo é liberdade
Uma poesia que fala de verdades
E isso tudo é uma mentira
Encontro certas palavras erradas
E isso tudo é sem sentido
Mas qual o sentido da poesia, se ela tiver sentido?
A felicidade é o infinito
Tenho fim - sou cemeço de eras
Primaveras, outonos...
E o tempo é o silêncio das guerras
A fome pressupõe o que se vai comer
A vida, o modo, as circunstâncias
As verdades que se quer seguir
As dores que se quer fugir
Tenho bondades - minha alma é serena
A expansão do que é ser pequena
A vida a curto prazo
O vazio raso
E meu tempo em atraso
Mas a felicidade é o infinito
E o tempo que é o silêncio das guerras
Eu grito!
Sou poeta.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Insignificância das palavras.
Ninguém as lê, quando não as estão escritas.
Ninguém as presume no meu vocabulário rude.
Nem na fala, nem nas expressões do corpo.
Nem a mente, nem o sentimento de dizê-las.
Vejo estrelas no céu para rimar com estrelas do mar
E beijo a lua, e faço-a lograr.
Sou o sol que se desencontra da lua sempre,
Mas as palavras fazem-nas se encontrar.
E hoje à noite, em mim, estou a tentar
E no modo do silêncio digo tantas coisas, a soluçar
E como sempre, ninguém a escutar.
Tenho um mundo poético para a vida desvendar
E na prolixidade da tolice,
Um mundo inteiro se disse.
Significo muito para tantas palavras.
Em cores de marfim, minha alma a se pintar
O beijo escondido foi encontrado
Morreu o sol através da dor
Que ao invés de querer vida
Quis a ferida mais profunda do peito
Uma negritude se fez, minha vida de quando em vez
A pedra grande que está no caminho
A perda dos abraços e carinhos da amada
Uma preocupação despreocupada da vida quotidiana
Nessa minha certeza da vida que se engana
Meu sagrado é alma profana
Ao redor da dor
Penso e dispenso a profundidade de estar sofrendo
Em poesias desarticuladas e desmetrificadas
Na insanidade de amar incompreendidamente.
Fui uma amante da alma inescrupulosa
E essa alma vaga no peito que não há espaço
Deixei a dor ser quebrada pela consciência da filosofiaI
ntolerante, vivi a imundice de ser
E ser não é quase tão feliz quanto amar
Conjuguei o verbo sem o meu pronome
Fiz versos sem rimas,
Corri descalças ao encontro do desencontro
Contive o incontido de qualquer momento da poesia
Que não alegra, nem fala de paixões
Nem sequer finge, como seria o propósito
Nem liberta, nem tampouco prende
Porque estou no desdém da própria vida.
Eu vou em versos tentar fazer
Uma compreensão do que é viver
Fazendo uma contextualização de mim
E o porquê de um possível fim.

Eu sempre amei nessa vida
Sempre quis do bem ser
Mas me fizeram grandes feridas
Aos poucos, fizeram-me morrer.

Os sonhos se perdem nos pesadelos
O mundo maravilhoso é imundo
Um dia pensei em tê-lo
Mas aconteceu um corte profundo.

É que a realidade é difícil demais
E nesse jogo, a subjetividade não tem vez
Poucos têm sempre mais
E para muitos só sobra o talvez.

Sempre ouvi dizer que só a luta muda a vida
Mas essa luta tem que ser armada
Porque senão for dessa forma devida
A luta não mudará nada.

É que os mais fortes sempre vencem
Essa é uma lei cruel
Todos do poder se entendem
O resto sempre é o réu.

A fraqueza fortalece a hipocrisia
Que disso que falo não quer saber
Nem sequer gosta de poesia
Não deixa a sentimentalidade viver.

Por isso, é muito complicado para mim
Tentar conviver com essas pessoas
Não se suporta, porque incomoda sim
Dizem que não sou boa.

Mas não sou boa, por quê? Para quem?
Não deixam a humildade ser feliz
Ninguém se importa com ninguém
Viver humanamente é o que sempre quis.

Essa vai particularmente para uma amiga minha
Que, talvez, também não compreenda
Agora sou sozinha
Preciso que nossa amizade reacenda.

Eu só queria que você me entendesse, Vanderléia
Que o que fiz foi só te amar
Mas a verdade é muito séria
Não deixa a vida lograr.

A decepção é muito grande
O tombo é muito maior
Uma escuridão sobre mim se expande
A cada dia que passa, fico mais só.

Eu quero um amor
Para me dar carinho eternamente
E destrua qualquer dor
Faça-me sentir gente.

Os homens não compreendem isso
Não me vêem como mulher
Talvez eu seja um lixo
Por isso ninguém me quer.

Eu quero ir embora
Não dá mais certo viver assim
Cansei de ser uma menina que sempre chora
Já é hora do meu fim.

Não quero mais a loucura
Também não aceito a razão,
Porque a razão é uma doença sem cura
E ser sensata só traz desilusão.
Meu corpo desconsiderado pela masculinidade
Sem alguém que compreenda e queira todo meu amor e carinho
Minha feminilidade descontraída e traída
Algo que se perceba, além da minha vida carnal,
Meus sentimentos de paixão,
Escondidos atrás da pureza da alma inescrupulosa que me fizeres
Da maldade boa que me destes
Da dor bondosa que me arrancastes ao me enganar
Meu sexo se esconde na divindade dos homens
Ao esforço que faço para viver
E minha paixão feia escondida
E meu pudor desenhado em versos desmetrificados
Deixados de serem políticos,
Mal educados,
E louca que sou
Mas preciso da razão
Tenho vontade de não mais chorar
De não ser mais louca e me perdoar para pecar
E ter o ódio como tema de um poema sem rimas
Mas amo, e meu pecado é esse,
Amo e sou tola por isso.

Poesia Secreta

Sentimentos não sentidos, sem sentidos.
Vagarosamente no barulho
Não se tem mais o que nunca tido, e sempre assim,
De outro jeito,
De qualquer jeito que for
Por falta de amor
E sombra que assombra a alma
No peito um aperto que desaperta meu mundo coberto
Abro-me aos horizontes de um monte de mentiras de mim
No espelho da vida que da morte quer ser amante
E que não ama essa alma tediante
E que incessante a mim, tudo cessa.
Desconversa meu eu em tudo, inclusive a mim,
Que sufoca aos poucos pela vontade de não ter vontades
Porque tudo que vem a compreender esse momento
Não possui momentos nesse instante de melancolia
De poesia não lida, nem compreendida
Nem sequer uma mulher de um homem sem nome
Da fome, serei o remédio.
Que não adianta, só há tédios.
Meu corpo magérrimo não se encontra em desejos
Meus beijos nunca são beijados com fogo que arde a alma masculina
Minhas poesias não conversam a profundidade do amor
É carnal todo esse sentimento
É desinteressante toda essa dor,
Porque na realidade, o real nunca foi causado pela ilusão.
E é ilusório de que toda a vida não passa de uma utopia.
A vida é um homem que toma uma mulher como que um animal faminto devora uma lata de lixo.
Eis minha poesia secreta.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Estou de noite te adormecendo em meus sonhos loucos
Sou sol que queima essa chuva em teu rosto
Te indago por que quem sou eu para julgar?
Um verbo inconjugável
Um fim interminável
Um espaço sem lugar.

Estou chovendo em tua alma
Esse meu outono cheio de invernos
Esse fim eterno
E essa ânsia pelas tuas distâncias.

Te persigo, estou assombração
Te dou atenção
E em mim só há tensão...
E quem sou eu para falar disso tudo?
Esse absurdo sou e vivo aqui
Sobrevivo às circunstâncias...

E estou em ventania...
Te escrevo e rasgo papel digital
Datilógrafo esse poema nessa alma insentível.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Escrevo escravo - essa é minha liberdade
Esqueço escasso - qualquer linda verdade
Escapo espaço - espero mundo perfeito
Espermatozóides esperança - Fazer o desfeito
Qual o sentido disso tudo?
---Mas nunca tem sentido o absurdo!
Beba água e vá dormir!
Amanhã é dia de "branco"
Tudo começa no branco
Ou no preto, se preferir.

domingo, 22 de junho de 2008

A vida pelo preço caro
Paro e depois continuo
Mútuo e dor que saro
Claro e depois escuro
Procuro amor raro
Disparo e dor que não curo
Futuro e passado que reparo
Preparo e fico em cima do muro
Duro todo esse tempo que me deparo
Amparo solidão e sentimento puro
Furo buraco no peito e faro
Caro eu, alma de mim que murmuro.
Hoje a vida é bela, meu bem
E ninguém impede
Esse mundo que fede
Ser e não ter, se é e não mais tem.

Hoje a vida é perfeita
O incontido se contém
Minha alma além
Nada mais se aceita.

Hoje não se diz amém
O sol noturno chegou
O certo errou
Nos escrúpulos de ninguém.

Hoje a vida é maliciosa
A filosofia da alma desalmada
Ser e não-ser, tudo ou nada
Qualquer verdade mentirosa.

Hoje amei como quem não sabe
Beijei reprimidos meus desejos
Como qualquer dor que latejo
Essa dor que só em mim cabe.

Mas hoje a vida é bela
Toquem todas as músicas que puderem
Amem a vida, se souberem
Há uma porta atrás da janela.

domingo, 25 de maio de 2008

Rasgo palavras não escritas
Nossa vida são apenas
minha alma grita
Às vezes viver não é bom.

De repente, tenho você
E você não compreende minha alma
E passo a ser outro ser
Perco minha calma.

O ser humano se engana
Às vezes se confunde o que se quer
O sagrado nessa vida profana
Meu eu lírico de mulher.

Não quero ser um vegetal nesse mundo a viver
Quero o mundo, meu bem
Mesmo que eu não tenha você
E você que tanto amo
Descubro que amo mais a mim.

E se esse amor não é bom
Prefiro que ele chegue logo ao fim
Termino esses versinhos dizendo:
Foi bom enquanto durou
Mas se você realmente gosta de mim
Vai entender por que eu sou assim.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Calem a noite
Sou forte e me suicidei
Fiz promessas para Padre Ciço
E vejam isso:
Fui uma certa na vida que errei.

Calem as rezas
As promessas dos políticos
Minha mãe me ama
Arruma minha cama todos os dias.

Calem as verdades
Pois elas são mentirosas
Choro todo dia
Me recordarei em minha própria poesia
Que nunca será lida.
Não tinha visto tão sincera dor
Não ganho a perda de mais nada
Porque tenho tudo: família, amigos e sonhos...
Me componho de rimas distantes
(mas elas estão próximas de mim - linguagem)
Sou anjo selvagem na cidade (grande!)
Expande minha alma e volúpias sensações
Prometo e aceito tais promessas da vida
E encontro essas verdades perdidas
Em palavras nunca lidas
E pretexto de qualquer texto prolixo
Nessa alma sub-humana
Sentimentos de lixo
Mas amo. E só por isso, ainda vivo.
À Thamiris (pelo simbolismo de nossa amizade, que perdurará por séculos, amém)

Essa é para você
Você que aparece no pátio
Que dispara e me pára
Um beijo cor de rosa
E qualquer coisa que se possa sentir
Sinto isso, por isso é meu compromisso
Você que é meu vício,
Uma rima desconcentrada
Inimiga da minha alma que se desconcentra
Que na minha porta entra
Sem pedir licenças...
Essa é para você
Você que ama com afinco
Sou dez anos certeza mais duas vezes cinco
E brinco, e brinco...
Essa é para você
Que me entende e me complica
Que me desconserta
Mas que não empobrece a menina rica
Você que detesta ser carnívora
Você que às vezes me devora
E agora está tudo assim...
Essa é para você
Que me ouve e mais nada houve
Apenas um couve-flor
Você vegetariana, você por amor
Você que me telefona
Me faz dona de versos que jamais ler-se-iam
Passa tempos em meu temperamento difícil
Você, minha sútil alma inútil ao seu ver
E você, no fim de tudo, é sempre você
E por isso amo você.

Supressão

Suprimo tua alma
Porque desconheço a minha
Na vida só se tem traumas
Meu eu no teu
E somos sozinhas...

Suprimo a verdade
Porque desconheço o certo
Na vida pode haver ou não felicidades
Meu eu no teu
Nosso longe bem mais perto...

Suprimo inspirações
Porque apesar dessa vida doida
Nessa vida há corações
Meu eu no teu
Um nada pela vida toda...

Suprimo supressões
Porque omitir é o mesmo que mentir
Nessa vida há muitas emoções
Meu eu no teu
Quero deixar de só fugir...

Suprimo confissões
Uma outra rima qualquer
Nesse mundo de vilões
Meu eu no teu
Nossa alma de mulher...

Suprimo
Supremo
Rimo
Remo...contra a maré
Tremo meu primo mulher
Temo uma vida de supressões.

Rotina II

Hoje pela manhã eu fui vilã de mim mesma
E toda essa vida vã pela minha alma que se queima
Minha alma que sempre foi sã, hoje apenas teima
Não fui à faculdade, não gosto do meu curso
Rasguei meu urso de pelúcia
Beijei minha amiga Lúcia
Fiz um poema e rasguei
Entrei em um ônibus lotado fedido
Assaltei um bandido que tentara me assaltar
Amei o mundo perdido
E o perdido só queria me amar
Minha mãe fez café, pão e manteiga
Cheguei ao trabalho bem cedinho
Eu queria um basta, um chega!
Tomei banho
Perco, ganho
E liguei para uma amiga que mora longe
Emprestei meu livro "O monge e o Executivo"
E nunca mais vivo
E nunca mais morro
Não tenho mais motivos
Peço apenas socorro
Corro, escorro
Sirvo, não mais me esquivo.

domingo, 20 de abril de 2008

Sonhos perfeitos
Vida imperfeita
Beijos são só desejos
A criança feliz
Não quis mais nada
Além do tudo
Desse meu absurdo
Que aceito, aos poucos
Que calo rouco o peito
Que desfaz o nunca feito
Te cobro, te peço o troco
E troco minha vida fugaz
Pela eternidade da paz
Por esses sentimentos bons
Que arruinam minha alma
Nesse desespero que acalma
Sou maluca, meu bem
Porque eu não te quero mal
Apenas me deixa só, só mais um instante
Eu te amo, mas me esqueceram jogada no fundo do quintal.
Sonhei acordada
Na janela sem parede
No amarelo quase verde
No beijo da namorada
Uma tinta sem cor
Um coração sem amor
Uma alma sem dor
Qual a tua flor?
Seja como for
Se o sol não se pôr mais
Se só há diferenças iguais
E tu nunca prestas atenção em mim
Se já cheguei ao fim desse poema
Vida-cinema
Sem problema nenhum
Sem psicologia, nem choro
Porque não há lágrimasLástimas de verdades
Bondades e maldades
A música que se toca não se ouve
E por fim, só houve uma meninha
Cadê meu príncipe encantado?

segunda-feira, 7 de abril de 2008

As tapas

De um erro, a felicidade
Distantes são meus contatos
A ferro n'alma, profundamente
Me marcou pelas palavras ásperas,
Estou a espera do nada perfeito
Mas tudo me custa uma dor que sempre sai
Cai a verdade, vive a honesta solidão
Tão louca, mas tão sadia
Depressa! digo-me, vagarosamente
É a vida expressa em sentimentos desvalidos
Porque ninguém, além de mim,
Se atreve a tanto...
Fujo da alma a tapas comigo mesma
Mas ainda marco, mesmo com dor, a vida
Através de palavras desordenadas, sem sentidos
Mas que, nessa vida sem sentido, sempre me dão sentidos.
Eu, completamente sem mim
E tu, perfeitamente sozinha
Me procuravas em um beijo certo
E, de repente, em um processo longo
Em largos momentos de angústia,
O teu amor já não fora mais sincero
Eu me privava da dor em teus braços
E agora dói tanto
Porque a alma ficou ainda mais tola
Mais vulnerável a sentimentos repressivos
Tu, que eras meu anjo do bem
Me transformastes em má
Da noite para o dia
Rezo ainda, meu Deus!
Para que isso mude
E tu voltes a ser comigo o que antes eras
Quero estar contigo na próxima primavera
E sentir teu abraço mais forte
Ao contrário disso
Com a vida não terei mais compromisso
E posso preferir a morte...
A vida é uma dor tão grande
Que se expande em sentimentos de alma louca
E pela boca sai as palavras desmedidas
E disso tudo, resta apenas ter que esperar a morte
Morte!? - um alívio para quem tem que deixar essa loucura,
Tão sensata que a prefiro
Tão honesta como um tiro
Me retiro dela satisfeita
E aceita essa culpa meio que feliz
Fiz o que pude para conciliá-la com os sentimentos de dor
Mas os opostos não se dão tão bem.
Pretexto do meu texto,
Rude e vulgar
Mas é meu lugar
De tudo, é meu presente
É o passado de um futuro esquecido
É um ter que nunca tido
E para sempre, nunca mais eterno
Infinitamente se define
Como um curto período de vida
É o momento que cicatriz a ferida
É a dor das alegrias e o desprezo
É a leveza da alma e o peso
Da consciência escandalosa
É o momento do nascedouro do mundo e a morte das rosas
É o cheiro da beleza descrita
É a escrita que foge da norma
E em mim, uma vida se forma
Se informa para mim, de me ter sozinha
É puro tudo isso, porque é tudo que sinto
A vida desmedida em palavras.
Mundo, resto de mim
A lua, outra metade do que eu nunca fui
Sonhei em estar na minha própria personalidade
Mas a consciência foi jogada no lixo
Verdade - mentira sincera da minha alma
É pobre quando a deixo livre
É livre quando a deixo só
E a solidão é a imensidão da minha pequena sinceridade
E é sincero quando a dor pára de maltratar
O amor dos outros está em mim
Mas é bem escondido esse infinito
É bem estranho...
É do tamanho da alma que vejo
É o beijo repulso
Meu trajeto, um acerto e um erro
Um espirro de sentir a vida vasta devasta
Que vive, que mata
Que chora e faz amor escondido
É a libido, é o mundo proíbido
Ainda bem que o mal eu já tenho
Não preciso mais ter que me esforçar
Para adquirir essa virtude.
Cada tempo meu é um adeus
E tu bem distante dos teus
Próprios sentimentos bons
Porque o que se pede
Além da sede
De ti sentir
É fugir...
Fugir de mim pra sempre
Mesmo que eu compre
A distância de compactuar
Mas nessas minhas ânsias
Pode deixar...
Eu compreendo, embora seja difícil
Pode ser um vício...
Um vício da alma
Esquece-se os traumas
Esquece-se a dor desse momento
Apesar de eu te amar tanto.
Fui uma amante da alma inescrupulosa
E essa alma vaga no peito que não há espaço
Deixei a dor ser quebrada pela consciência da filosofia
Intolerante, vivi a imundice de ser
E ser não é quase tão feliz quanto amar
Conjuguei o verbo sem o meu pronome
Fiz versos sem rimas,
Corri descalças ao encontro do desencontro
Contive o incontido de qualquer momento da poesia
Que não alegra, nem fala de paixões
Nem sequer finge, como seria o propósito
Nem liberta, nem tãopouco prende
Porque estou no desdém da própria vida.
O amor verdadeiro é mentiroso.
Eu não compreendia meu tudo em quase nada
E sempre tive a certeza do errado.
Mundo cruel, esse da bondade infeliz
Eu quis o beijo sincero da falsidade
Fui louca uma vez na vida, apenas
Quando eu tinha a alma pequena na tua imensidão
Te errei pronominalmente
Te amei erradamente
Por quê?
Para enfeitar o poema com versos doloridos
Para ter o pretexto de escrever esse texto vulgar
E te amar nunca mais, se é para ser sozinha
E ser sozinha, se é para ter que sofrer por amor.
Que amor é esse que faz a gente sofrer?
Isso não é amor
É a insistência da razão em lograr com a loucura
Sou sensata.

Ainda

Estou no delírio de estar apaixonada
Mas a alma ainda perambula pela vida inócua
Que ainda não encontrou um parecer em estar no mundo.

Estou no mundo sem saber como chegar na vida
Os beijos dos quais sempre sinto não são mais válidos
Meus delírios e fantasias estão presos na prevalência de os ser.

Não sou nada além de mim,
Pobre coitado do amor verdadeiro nunca sentido
Mas que sem sentido todo o meu peito amargurado!

Sou doce na pureza do pecado, que é amargo
Sou rima que veslumbra o poder que largo
E nunca o detive.

Agora me ouço no barulho do meu silêncio.
Estou me conhecendo por fora.
Sou sincera
Te percebo, te recebo
A vida não mais era
Sou anjo fera
E quem me dera estar ao teu lado
Meu peito calado grita
Alma feia, mas que era bonita
E se transformara em monstro
Tu és meu desencontro...
Minha embriaguez de palavras nunca pronunciadas
Nunca mais meu sempre e tu me amastes
E em qualquer parte,
Fiz minha parte
Tu me queres ainda?
Essa dor infinita que se finda
Essa alma pura e linda
Que quer a qualquer preço
Meu avesso
Meu tempo desvalido
E eu estou aqui sempre e nunca mais.

sábado, 5 de abril de 2008

Maus tratos
Meu tato em tua face
Meu retrato em teu bolso
Falto amar mais
São meus fatos escondidos
Percebo-os despercebidos
Encontro, demonstro monstros
Mato e morro e corro e socorro
E me ajudo e mudo e mudo de direção
E mudo de percepção
E mudo minha voz para falar, para calar
E é absurdo tudo isso,
Meu compromisso disperso
Meus versos inversos
Atropelos poéticos antiéticos
E apesar de tudo, escolho...
Olhos que não enxergam
Vidas que se entregam à torturas
Razão e loucura
E observem-me...Estou aqui.

domingo, 30 de março de 2008

SEM DOR

Sou poesia
De dia, de noite
Afoite ao mundo
Profundo e raso
Ao acaso e solitário
Contrário e descoberto
Perto e distante
E eu amante e sonhadora
Agora e nunca mais...

Sou pensamento ao vento
Palavras-sentimentos
Mentiras e verdades
Amor e saudades
E sorrisos...

Preciso de versos e rimas
Em cima, em baixo
Na hora dos sonhos
No beijo da namorada.

Sou abraços e desejos
Dor que latejo
E fim que começa...

Não tenho pressa
A vida em mim se delicia
Vazia e cheia
Feia e bela
Azul e amarela
Escrita sem leitura
Loucura e razão
No perdão e no pecado
Ao meu lado, libertando o meu coração
SEM PALAVRAS

Rezo um infinito de palavras
Palavras-sentimentos
Palavras que não ouves
Sentir a alma à flor da pele
E a tua boca que não quero mais o beijo
Língua...
Língua para falar
Língua-paladar
O teu gosto é meu desgosto
E finjo o oposto a mim
É um fim todo esse começo
Não tenho mais os teus abraços
Não passo mais esse tempo que passo
Não passo mais a te esperar
É uma indecisão decisiva
É um "viva-viva" só quando morro
É um socorro sem "Deus nos acuda"
Porque tu só me ajudas a sofrer
E viver nunca mais...
E amar nunca mais...
Hoje sou liberta!
CONJUÇÕES ADVERSATIVAS

Eu, meu tema
Meu coração, o emblema
Às vezes, o problema
Outras, a vida no cinema
E no entanto,
Eu procuro os teus lábios
Quando ando e amando mais ninguém.

Digo um fim, um amém
Perigo de um sim e sem
Perceber, me vejo bem
E nada mais a ver tem
E contudo,
Meu tudo, um nada certamente
E um amor que vem.

Pareço para ti, uma louca
Palavras que não saem da boca
Uma alma que por morte se troca
E todavia,
Nunca mais me via na felicidade
Apenas mais uma alma de maldades.

É tarde a dor que não arde
É cedo todas as tuas verdades
E minhas dissiparidades
Porém,
Tu não entendes esses sentimentos
Esses momentos em que me mostro.

Não demonstro mais monstros
Não mais me encontro
Não finjo mais confrontos
Mas,
Estou em meu ponto final.

O meu mal
Em conjunções, adversamente, principal
Etc e tal
E entretanto,
A minha volta sempre estou
E não sei se tu reparastes
Essa minha parte que parte
Para bem longe, adversamente.

sexta-feira, 21 de março de 2008

A alma se dá conta de mim?
A vida me apronta...um fim!
Tenho um começo pelo avesso
E me acerto e escasso
E passo o tempo inteiro sozinha...

Hoje tentei a vida fazer feliz
Mas ela não me faz
A alma vilã
E amanhã o suicidio, a vida traz.

Alguém tenta me ouvir
A alma está em apuros
De que adianta o porvir
Se dessa doença não me curo?

Quero os sonhos poucos
Meu mundo rouco grita
Mas ninguém me ouve
A alma está aflita
Por que a vida nunca mais amor houve?

Que amores, que sonhos, que felicidade que nada!
Tudo é uma invensão da alma desumana
Vida que se engana e engana e destrói...
Morro e apenas mais nada!!!
Está ausente.
A vida está ausente das verdades inoperantes
E os ignorantes da alma humana e os pudores
De todos os rumores aqui no meu leito
No peito os corruptores perfumados e degradantes.

Hoje, perspicaz e alvoraz
Nos ruídos e silêncios introspectos
Bem distante do mal e perto
De mim, só escondo a paz.

Mas algum dia desses
O erro se desfaz
E a vitória da não realização do amor
Terminantemente, vem-se a dor
E a vida que feliz se traz.

Não é por puro pessimismo
Nem é por que não há individualidade
O mundo já provou que não foi feito por acaso
E acaso um dia a felicidade esteve em minha porta
Mas devagarzinho, bem assim calminho
Acabou-se a vida. Só esta a morte.
Sou feliz
Escondo meu rosto nas palavras severas
E sempre tantas mais primaveras
E eu vivo não mais por um triz.

Corro
E não morro nunca mais
E são tantas diferenças iguais
Desfaço o que nunca fiz.

Eu quis
E não quero mais não ter amor
E quero dizer à dor
Que nunca mais ela se diz.

Pronto
Agora sou do bem
Não finjo mais o mal
A vida em si já me tem
E sou sua peça principal.
Vida romântica, escandalosa
Sou rosa avermelhada de dor
Tenho amor próprio e impróprio
Impessoal em todo meu mal
Fatalismo e perdões
Os corações reprimidos e sem respostas
E quem comigo se importa?
Talvez nem saiba o que não cabe em mim
Nem o fim, nem o recomeço do que não era
Nem nunca foi...
Primaveras sois, e os sóis não existem mais no peito
Acertos e erros e um futuro e um passado
Meu presente sem verdades, só maldades...
A vida me prometeu, matou e morreu meu eu...
Quem me ouve?
Só houve guerras pela paz
E a vida quase pronto me apronta e me traz a dor
Sou amor fraterno...
Eterno, mas meu fim acabou
O errado é minha alma que se assume
Que me resume
E me destrói.

SOU MÁ

Sou má...
Minha alma é negra e sabe de si
Tenho um mundo pequeno que invade minha imensidão
Meu inferno é um céu pleno de certezas
É errado todo pecado que tenho
E amo a verdadeira face mentirosa da vida
Vida suicida, perdida e achada em meu peito...
Mas sou má...
E tentem compreender essa minha alma humana
Que é desumana e não sabe mais de si
Porque disisti de ser boa porque assim o querem
Porque não lêem a alma que tenta transparecer e ser...
Ser acima de tudo alguém feliz
Mas sou má...
Assim é a lei da pobreza de espírito dos especialistas da alma humana
Mas mal sabem de si, da vida que levam
E dos preconceitos que carregam dentro do peito
Sou má e me orgulho disso, talvez...
Mas morra toda essa porcaria de gente indigente que não sente
Que não tem versos nos lábios
Que fingem ser sábios
Nem sentem a música tocar na alma
No peito...
Agora sou só pó
Fui a negretude de mim
E sou má.
Esquece e some de mim,
Ó mundo imundo vasculhado!
Que nem eu sou o bem nem o mal
Que no meio termo do enfermo
Tu és o próprio sujo, cujo eu não entendo
Me devoro...
Alma santa que abre o peito para a verdade
Mas que verdade?!
És a limpeza dessas palavras que não ouves,
Não sentes o peito em apuros
És sadio e vive na própria doença de ser o que és...
Pelo viés da fraternidade, és egoísta...
Me pinto para os homens sujos...
Homens cujos sentimentos me repugnam
E esse mundo me exala...
Falas o que sentes...deixa disso menina complexa!
Eu me pergunto, não me entendo...
Vou ao analista que analisa a própria conta bancária...
Contrária, eu?
Preciso de um cigarro, uma bebida e ser menos alma que posso...

quinta-feira, 20 de março de 2008

Demoro,
Sou rapidez sem perfeição
Ninguém ouve ou entende o grito de socorro...
Morro,
É certo meu errado que tentas esconder
Nem se vitimando pela vida escondida
Pelo eterno sofrer...
Vagarosamente essa minha eternidade
Que enfim acabara...comigo!
O perigo já não há mais em mim
Nem nesse mundo mesquinho que um dia eu venerei...
Sou futuro acordado
Estranha, amiga cruel
E o céu pelo inferno...
É eterno esse meu fim.

domingo, 16 de março de 2008

Errado...
Tenho certeza do errado
O futuro esquecido no presente
E se sente, nuca mais sente
E do lado, estou de outro lado...

Caio no principício
Me levanto em outros amanhãs
E na minha filosofia vã
Me encho de vazios.

Escrevo palavras que devoram minha alma
Me consomem quase por inteira
E a vida de mim foge em minhas palmas
E sou uma mentira verdadeira.

Não...
Não digam nada de mim
Minha alma não mais se esconde
E se digo sempre sim
Eu estarei aonde?

Palavras nunca lidas
Nunca interpretadas
Transformadas em vida
Sou amada e odiada.
Eu hoje fui o amanhã
Fugi para os devaneios das vidas que tenho
Venho a cada instante ter vários momentos
E no momento, meus momentos sumiram.

Eu hoje fui todos os poetas,
Os loucos sensatos
E a pureza das crianças...

Mas cada um sabe do que sabe,
Não se vê mais os amores
Nem se cabe mais as dúvidas...

Minhas verdades são mentirosas
As rosas não são rosas
Às vezes são azuis,
Outras, amarelas...

Não reclamo mais de ti,
Ó vida que não sabe de minha alma
Não se tem traumas
Não se tem amores
E todas as cores nunca foram pintadas...

Eu hoje morri...
Ressucitei nas palavras
E nessa vida que não mais tenho
São apenas desenhos
E não se finge mais almas.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Agora te falo em sonhos
Em pesadelos da minha vida passada
Tu talvez não entendas toda essa dor
Nem essa alegria, porque tens outra cor
E sabes da namorada...
Não finges o beijo que não beijou
Nem a força de amar,
Porque amar é fraqueza e a alma se entrega...
Estou perto de mim mesma
As palavras que agora ouves, talvez nem sejas dignas
Indgnação...
Revolução...
Paixão e ódio e terror
Porque o amor é a dor de uma flor...
Minha vida, minha luz e escuridão
E finges não me ver
Sou anti tudo que desejas
E pobreza desse amor...
Não sabes que amo
Que me chamo de toda dor
Porque dói e me clamo
E mundo pecador...
Mas Deus reconhece tudo
O inferno e o meu céu
Mundo cruel
Agora sou libertação
E talvez nem sejas digna da minha história.
Eu parto sem dor
E nos abraços teus
O último adeus
De uma vida sem amor.
É maravilhoso o que eu sinto
E a verdade que tentas esconder
Mas essa é a vida que minto
Qual o sentido de se viver?
O fato que tento me obrigar
De não me ouvir, nem me entender
Eu nunca mais posso amar
Porque todo amor é sofrer
E tua voz em meu ouvido a sussurar
E sem motivos te querer
Se me veres a soluçar
E minhas rimas repreender...
Ah, mas tu talvez me compreenderias
Tens alma limpa apesar desse mundo imundo
Sabes da poesia
E me enxergas a fundo
Mas tu tens outro bem
E eu tento acabar com o meu mal
E se tu me tens
Vida, tu és meu ponto final.

terça-feira, 4 de março de 2008

Sonho
Em definitivamente parar de sonhar
Me componho de versos loucos e sem cor
Porque quero o amor e não amo
Porque não aceito no meu leito
A tua vontade de não me querer
Não quero...
Te amo e sou contraditória
Não tenho histórias para contar
Porque os sonhos são apenas desvaneios da alma.
A minha alma não sabe de si
E se tu tiveres pelo menos um pouco de compaixão
Ler-se-ia estes versos sem razão,
Daria-me mais loucura
Para que eu possa viver sem sofrimentos.

domingo, 2 de março de 2008

Eu desacredito no amor
Ele não me serve
A vida está em greve
E a loucura me dá razão
Dói tanto ser feliz
E tu não mais me enxergas
Sozinha estou (não por que eu quis)
Mas porque a alma se entrega
E sou tão boba...
Te tenho ao meu lado a noite toda
Mas não houve beijos...
Só desejos...
Passo o domingo inteiro perto de ti
E ao mesmo tempo tão distante
Vida desamante, eu te confesso
Eu te peço, te suplico
Mas não quero mais acreditar no amor
Só há dor...
Desde quando eu me descobri
E não fugi mais
Em tempos não há mais tempo para discutir
E sentimentos iguais
É amor que eu sinto (retraído)
E caído ao chão está meu mundo
E teus beijos retraídos
Fez na alma um corte profundo
Não se pensa na dor que causa
E faz em mim uma pausa
E me continua...
E tu estás nua
É tempo de outras luas,
Outros passos
Mas eu nunca consegui esquecer o que eu sinto por ti
Um mundo descompasso
Sem os teus abraços
E apenas tua amizade eu não quero...

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Eu estou sobre mim, um você
E sem ter o que fazer, diante do amor
Me apego e me nego e me indetifico
Mundo cego e me entrego, sentimentos ricos
Fico sempre me guardando da filosofia
Da sua alma e do seu perdão
E de tudo que eu dei, nada mais errei...
Preciso da sua absorvição
Mas me responda na minha fraqueza
O nosso amor que é pecado
Se só o amor cura o pecado
Então tenho a alma na pobreza?

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Tenho um canto preso sobre a liberdade
Em meu canto, procuro outros cantos
O pouco que tantos
E os prantos
E os santos
E os diabos dentro de mim
Sou anjo sem céu
Mundo cruel
É o começo de um fim
Um sim pelo não
Um chão bem em cima
Uma rima, um carvão
Um eu bem distante que se aproxima
Paradoxos e personagem metalingüistica
Política versus razão
Sou louca e me elogio
Sinto sempre frio
E já estou cheia de vazios
A loba no cio
A loba boazinha que agora é má
Eu me penso e repenso no meu cantinho
Esperando tua voz a cantar.
Restos cobertos
E eu aqui
Hoje fui amanhã
Uma linguagem da alma
Não compreendida
Quero viajar...
Me cubro e me descubro
Sou erro...
Tu não sabes em que escuro eu clareio
Em teus seios, Ó minha menina...
Tuas mãos a me acariciar
Comento e cometo sempre o nunca
Te quero e tu nem me percebes
O amor que recebes, não sabes, nem sentes
Porque tu ainda vais existir em meu peito
Quero te encontrar na noite
Sentir o açoite dos teus cabelos
E as rimas dessonantes destes versos que eu fiz para ti
E tu nem destes conta de quanto eu te venero.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Permito-me um segundo reflexo
Meu sexo contínuo e sem amor
A dor que se tem não se sabe, se cabe
Se sente como o perfume de nenhuma flor.

É complexo, e sempre falo o questionamento do nunca
Verdades são mais mentiras
É bonito o rosto das crianças
E sou infantil-amadurecida.

Tenho idéias não tão loucas quanto o mundo
Imundo é quem não arrisca nada
O real dos sonhos, verdades
Qual o beijo da namorada?

O beijo repensa os sentimentos
Nessa filosofia vã
E amanhã de manhã
Irei adormecer, chorar, viver e morrer.

Os sonhos são rouquidãos da vida pasma
Sem alma, estes meus mistérios
E um amor sério
Amor é ódio (que traumas!).
Sentimentalidades insensíveis
Mundo vasculhado, e poemas sem nexos
O preço capitalista na alma encravado
O amor louco coberto de razão...
Mas não me impressionem,
Se pensam que suportarei a vida como mera realidade
Não sinto pena da vida obscura dos pobres
Porque os podres são mais sábios
E são mais cobertos de razões
E sem mim, nunca mais viverei.
Fiz uma ligação telefônica para o céu
E foram cobradas tarifas pela força divina
E sempre pergunto...
Pouco, razoável, agora muito
E sem assunto, eu rimo estas tralhas.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Mais nada

Coisas e relatos
Maus tratos
Sou bem vinda ainda
Minha vizinha é rebelde
O padre reza as ave-marias todos os dias
E eu não compreendo mais atitudes
Uma mulher qualquer
Um dia desses na rua
Um amor que atua em outro cenário
Lembranças da infância
E remédios controlados
Um controle remoto programado
Meu bem amado
E também odiado
Meus irmãos são unidos
Todos os pecados são punidos
E eu continuo a vagar devagar.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Confissões

Eu não amo ninguém
Tenho o bem, porque quero o mal
Não fumo, sem rumo
Sou doce pelo sal.

Minto e curiosamente nesse momento falo a verdade
Porque não quero morrer sozinha
E se penso no fim
Começo tudo outra vez.

O arrependimento não existe
Minha felicidade é triste
Porque o sol se foi junto com as chuvas
Chuvas que nunca caíram.

Tenho fome, mas durmo
Não como, apareço e sumo
E em resumo, eu sou prolixa.

Meu sexo, dispenso fantasias
Meu luxo, sou simplória e tenho complexos
Dinheiro, o consumismo é comunista
E ainda penso em estar viva.

Motivos, os quais tudo isso eu confesso
Medo e coragem
Margem de vivacidade e morte
Sorte em ter a alma à flor da pele
E a pele a alma me devoram
Sou ser que não se sabe
Nem se quer, nem se pensa
Apenas se cabe.
Me reclamo e me amo
Me inflamo e te chamo
Me acalmo e te sufoco
Tenho sonhos poucos
Amores loucos
Mas se vivem
Socorro, vida que morro
Que corro sempre atrás
Que se perde no que se faz
E me traz um novo amor
Um motivo bem maior
Que este que me faz estar aqui
Um mal que se aproxima
Um verso que se rima
O baixo com o em cima.

Personagem

Sou tímida
E tenho a timidez como forma de me expressar
É uma personagem que sempre crio
Tenho frio e, simultaneamente, tenho calor
Sinto dor quando também sinto alegrias
Sou o dia de noite
E é tão forte essa minha fraqueza
É belo o que sempre digo e não faço
É natural que se pense assim sempre
Mas nunca me devore sem motivos
Preciso viver perto de ti
Mas minha doçura é uma sensação amarga diante da alma
Esqueço verdades, mas sou uma mentira em ti.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

A TE ESPERAR

Te espero até tarde
E me rascunho à lapís, o teu amor
Porque minha alma arde
E invento mais uma dor
O teus abraços tão distantes
Te procuro, não te encontro
É apenas mais um confronto
Nessa vida desmedida, sem amantes
A arte pela arte
E em qualquer parte
Eu estarei a te esperar
Metrificarei os sonhos
E ainda estarei de alma limpa
Mas se tu não chegares aonde mora minha liberdade
A alma que arde, arderá ainda mais
Sem felicidades, fujo até a mim
Sou um fim de cabeça erguida.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Não ser a boazinha

Quero a sua atenção
Nesta tensão de me ver sozinha
E me sentir um traste
Acaba logo de uma vez com toda essa aflição!
E peço que de mim não se afaste
Estou só e não me percebo mais
Não me entendo e a procuro sempre
Nunca tive de verdade uma mentira
E a tenho na escuridão
Já é a fome de migalhas
Tento esconder minhas falhas
Mas o espelho sempre mostra o meu rosto
Não sinto gosto de nada
Se tento ser fada
Sou o diabo, que desgosto!!!
Me encosto em mim mesma
E carinhosamente me destruo
Viver, verdadeiramente, me queima.

Perfeição

Deitada nas verdades quase estranhas
E de repente, quando me percebo estou em ti
Mas me rascunho em múltiplas perdas, se tu me ganhas
Porque em tamanhas almas, tão pequenas a fingir
És minha adorada perfeição
Me entrego e me refujo
E vasculhando o mundo sujo
Recebo teu coração.
Mas teu coração não me percebe
E limpo minha alma errônea
Apenas, penso em viver
E se tu duvidares
Entre o céu, a terra e os mares
Imortalizarei minha loucura.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Substantivo

Estou no singular
Sem ninguém para me pluralizar
Sem o substantivo abstrato
Que pode se transformar no verbo amar.
Estou substantivamente simples
Precisando de alguém para me compor
Abstrativamente sem amor.
Um substantivo sem coletivo
Um substantivo bem primitivo
Um substantivo sem cor.

Não há

Procuro estrelas de manhã
E encontro a dureza das coisas
Procuro o sol de noite
E encontro a dureza das coisas
E procuro a lua
E não há lua
Apenas as durezas das coisas.

Canção adversária

Versos versus versos
Inverso versus versos
Rimas versus não rimas
Rimas versus liberdade
Liberdade versus inversos
Versos versus versos.

Poesia

Vão-se os dias
Como as nuvens do meu céu
E não tenho céu.
Vão-se as alegrias
Como se vão os dias
E não tenho dias.
Sou o tempo sem dias
Sou o coração cheio de amor
E não tenho amor.
Sou a ferida sem dor
Sou a alma da minha dor
E não tenho dor.
É certo os caminhos que se cruzam
A poesia dos caminhos
E não tenho caminhos
Apenas tenho a poesia
Que me faz ter a vida
Cruzando o meu caminho.

Esqueceram

Em vão, à toa
Um coração, uma pessoa
Um mundo profundo
A sua voz já não soa
E quando doer, não doa
Distante dos dias
Mortas as alegrias
E sendo rei sem coroa
E ninguém o perdoa
Mata-o em silêncio
Apagando o incêndio
E toda sua história
Que guardei na memória
E a esqueci
E choraram pela sua morte
Que nunca vivi
E perguntaram e não responderam
E mataram e choraram
E esqueceram.

Loucura

A fé é a loucura
A loucura é a morte
No universo da amargura
Na fraqueza, loucamente forte
Os atos são as sortes
As sortes são as doenças sem cura
A vida no caminho da morte
A morte na minha loucura.

Amor culpado

Final de tudo
Amor secreto
Que nem eu posso saber
Amor mudo
Que vai direto
Totalmente incerto
Morrer antes de viver
Amor absurdo
Que maltrata o coração
Improrando para se acabar
Amor que pede perdão
Porque eu quero amar.
Diante do meu túmulo
Perdida nas ansiedades
Dominada pela insônia
Sinto vontade de viajar pelo espaço
Pelo espaço sideral
Pelo espaço oco
Pelo espaço dos teus braços
Pelo espaço entre as estrelas e minha alma
Pelo espaço incotido que me contém;

Não desisto pela imensidão dos meus pensamentos
Pela crença da beleza feia
Pelo poder de despoderar
Nem pelas contradições que me definem;

Fora da minha força subversiva
Subentendo verdades
Entre a beleza burguesa
E a liberdade de desistir;

Cai a noite
Pelas rezas que não funcionam
Pela flexibilidade de não se condenar
Pelo pecado religioso
E o processo da tolice;

Decidi, ideologicamente
Que a liberdade
Se não é ser livre enquanto vivo
É escolher não ser nada:
não ser atéia, não ser religiosa
Não ser comunista, capitalista ou anarquista
Não ser o mundo ao inverso
Nem o padrão normal
Não ser Deus, nem o céu inescrupuloso
Ser, apenas, uma simples alma
Em busca de carinho;

Mas já que tudo isso é impossível
Só resta viver o que convém,
O que entre as mãos se revela.

Diversos

Um louco no psiquiatra
Uma flor no cemitério
E um céu
Azul, branco, verde
Qualquer cor que seja
Uma boca pequena que beija
Um beija-flor
Que também beija os lábios dos sábios
Que também faz amor
Palavras presas umas às outras
Outras livres, desordenadas
Outras, simplesmente nada
Não há laranjas nas laranjeiras
Não há páginas nos livros
Nem versos nas poesias
A liberdade está presa no conceito de liberdade
De versos, sei do meu perverso crime
De crimes e universos
Tenho dois versos
Nem mundo inverso
Rimas versus outras rimas
A inocência do réu
Porque estou no céu
Em mundo diversos.
Para dizer que não se diz
A alma poética se entrega
No mundo só é feliz
Quem afirma o que nega.
Nesse paradoxo me imprimo
Me revelo em um erro pronominal
E sempre rimo
O bem com o mal.
Calaram minha voz
Minha sombra se apagou
Caminho nessa vida atroz
Meu mundo feroz
O nunca saber aonde estou.
E sei aqui calada
Resmungando seus sentimentos
Faço tudo por nada
Sem contos de fadas
Tenho no peito todo esse tormento.
Finjo alegrias impróprias
E logo estarei à margem
Alma sombria
Imunda se faz a minha imagem
Agora sem palavras, só lágrimas
E um pouco de atenção da morbidez severa
E no final já não tem mais rimas
Transformo-me em ser selvagem
Perco minha filmagem
Sou um anjo fera.
Teus beijos não me beijam
Tua boca só fala de mim
O teu bom gosto é ruim
Língua com língua
Meu português mal falado
Fala inglês bonito
Bonito é o mundo feio
Tu não vieste
Teu amor não veio
Corto os pulsos
Socialismo russo em teu corpo
Com gosto de mulher
Mulher inútil
Não há segredos para viver
Tu cantas e eu choro
Teus cabelos molhados e os meus amarrados
Minha alma se perde
Não há retorno
Estou em ti
Meu império não se expande
Meu amor não é grande, nem certo
Mas somos felizes assim.

Indagação

Um elogio ou um insulto
Mundo inculto perspícuo
Amores longícuos
Só eu em meu vulto
Oculto, meu eu estrelado
Sem constelação, o meu peito
E sempre nunca se tem feito
Porque eu estou ao meu lado
Coisas ildevânicas a responder
Alma que se indaga
Existir ou viver?
A existência da vida que se estraga
Agora, retorno ao meu louvor
Sentindo, simultaneamente, amor e dor
E um vazio me consome
Sou sem nome.
Te beijo na noite amanhecida
Mas a noite não amanhece
Vago nos vagões da solidão
Mas a solidão está acompanhada
E os beijos se perdem
E me pedem socorro
Mas os beijos eloqüentes
De tão eloqüentes não são beijados
Minha língua está cortada pela fala
O amor é coloquial
É o comum e preconceito
Como se abre o meu peito
Misturo amor e capitalismo
Meu futuro está no passado
E o presente esqueceu de ser dado
A vida é um dado não jogado
Ainda espero, porque é a última coisa que se morre.
Tenho um poema
Sentado na cadeira
O pensamento
Fora da cabeça
E o amor e o amor
Mais uma vez
Troco um poema
Tem sol no frio
Café amargo e a filosofia
Há tempo para nascer
Para viver
Para morrer
Tomo um poema
Acendo um fósforo
Para queimar as ânsias
Tem pureza no pecado
O mundo se perde nas nuvens
As nuvens não chovem
Pago imposto para viver
E a vida é imposta pelo céu
Engulo o poema
Feito em árvores
Destruo a natureza.
Cada metade de mim
Precisa de mim
Sou de mim estranha
Sou dos outros distante
Sem poesia
Sociedade poética
Sem leis
Sem atrativo
Vivo pelo motivo
Sirvo aos senhores com hipocrisia
Sou o dia de noite
Me atrevo a ser um ser poético
Rimo liberdade com escravidão
Recebo as verdades que se dão
Numa mentira qualquer
Numa alma de mulher
Crio meus espaços opacos
Nas palavras nunca ditas
A beleza de amar não acredita na vida
Assisto ao terror do amor
E assisto os inocentes da dor
Não falo mais em mortes porque não há mais cortes
Tão profundos como antes
Farei da vida perversa minha amante
Farei da podridão o perfume das flores mais belas
Farei do preto cores vivas
E eu estarei comigo.

Secreto

Sinto algo secreto
Perto do que é longe certeza
Beleza feia já foi descrita
Grita silenciosamente em mim
Assim que eu soube tentei viver
Ser algo secretamente certo
Deserto a lua cheia
Feia, cuidadosamente fera
Mera casualidade?
Idade agora das trevas
Serva dos sentimentos
Momento inoportuno da vida
Ferida, mas parece lenda
Renda-se por mim
Assim que eu o quis
Feliz com o olhar de quem não olha
Molha, a água seca
Dantesca é a vida divina
Menina certamente erra
Enterra a alma
Traumas, talvez se tenha
Contenha-se a vida
Vendida à baixo preço
Avesso da minha versão
Coração atento para pulsar
Amar é um perigo?
Digo que sim
Assim me componho
Sonho infinitamente.

De rosa eu entendo

O cravo encravado,
Livre pelo escravo
Eu não encravo
E não brigo com a rosa
A rosa que não é rosa
É amarela,
Bela,
Eu a vejo murcha
Vida Puxa! Vida
Ela não me puxa
É a pobreza que luxa
É a verdade mentirosa
É a rosa e a rosa,
O cravo e o cravo,
O mundo que cavo,
O favo de mel
O certo sendo réu
Vida que escrevo
Eu me atrevo
Roubo o perfume da rosa
Rosa sem Ana
Que engana
O perfume fedido, bandido
A rosa não presta.

A razão

Vivo no delírio
De querer saber
Ou de apenas não querer
Aceitar a resposta
Se aceito, fico cega
Vem a loucura e me entrega
A razão, fechando a porta
Vem e não se importa
Prefere me ver morta
Vivendo na escuridão
Tendo e não tendo
A razão.

Nenhuma Rosa

O porvir está por vir
Vi os olhos que não vêem
A alma que se esconde no corpo
O lobo é bobo
Amar é uma má coisa
Dentro da obscuridade
No sentido próprio do termo
Nesse enfermo, nenhuma rosa.