quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Dispenso alegrias
Penso um horror de coisas
(coisas descoisificadas)
Compenso tudo que sei
E não sei nada...

Perpenso perplexo, o mundo
Que de tão imundo
Rima comigo...

Meu perigo
Isso não digo...

Um abrigo
Um momento que brigo
Meu umbigo
(não sou egoísta)

Apenas me entrego
Sem ego
Amor cego
(prego, prego, prego)
Meu martelo amarelo (sem cor)
Que não bate...abate!

Sem sentido ( e tido)
Proíbido, tamanhos problemas
Proporciono, me aciono...

Meu castelo encantado não cantado
Porque não há música
Vida rústica...

Hoje por ocasião de ontem
Serei amanhã...

Vã e quase sã
Uma noite de manhã
E um sentido para isso tudo...
Eu sou louca!

Hemorragia

Meu sangue não é vermelho
Minha alma não tem cor
Meu eu esconde-se no espelho
Sangro sem sentir dor.

Minha mãe me acalenta
O pulmão quase sem respiros
Deita, levanta, senta!
Do quarto me retiro...

Vou ao médico dizer 33
Mas a dor não espera sua ordem de chegada...
Fazer o que a dor faz se nunca fez
Perder muito sangue, se quase não tem nada...

Derramo hemo
A vida é assim mesmo
A morte temo
Viver qualquer dor sem enfermos.

Ontem

Ontem,
Off não tem
Quase meio "zen"
E a faca na garganta...

Ando interiorizada
Sem caminhos,
Sem ninho
Sem carinhos...

Ontem
Tive um pesadelo
Meu eu quase perdi
E eu não quero perdê-lo
E morrer o que nunca vivi.

Estética antiética
Alma vulgar
Verdade cética
Sem verdades vou cantar...

E a faca na garganta
A alma deitada se levanta
A dor canta...

E eu ligo
Brigo
Fisgo
Inimigo
Antigo
Consigo
Contigo
Abrigo
Perigo!

Ontem...
Ontem...
Ontem...

Fuga

A janela está aberta
O sinal está verde
A verdade está certa
O amor sempre perde.

A alma que se mede
Foge hoje.

O despertador alarmou
Esperteza não muito otária
Muitas varizes várias...

Ao som de Chico Buarque
Marquêz de Pombal -
Nada que me marque
O mau cheiro de charque...


Correu, morreu...escorreu em fuga
A puga atrás da orelha
E negra a ovelha
E fugir por cima de casa - destelha...
A vida vermelha!

Fugir para longe
E sempre estar perto...

Fuga para o necrotério
Morrer de medo da dor
Fugir do humor e ser sério
Ser sexo sem amor...

Fugi...



Ôpa, voltei...
Encontrei-me perdida.

Sem maldades

Agora é cedo...
E sou tarde demais.

Agora eu amo
Promíscuidade da alma.

Quero o bem-me-quer
Que não me quer...

Agora o meu corpo de graças
Já não tem mais graça
A alma fugiu.

O sexo verbal não poético
O complexo mundo antiético
Remédios epiléticos...

O sexo oral sem horas
Altas horas...e nós!

E a vida se passando lá fora...
E agora é tarde demais para nos reencontrar...

Chove. Sou pecado
Abro meu coração e minha pernas...trêmulas
Como as mãos palpeando seus seios
Sem anseios. Sem receios.

Imagina-se a vida nua
Na amargura, na rua
Minha alma que é sua
Minha outra metade da lua.

É só imaginação. Animação...
Paixão. E nós a rolarmos no chão.

Chão que um dia deixarei de pisar
Construirei nossa floresta
Nossa selva (para nos debruçar).

Ser dor sem latejo
Ter seu corpo inteiro num beijo
Premícias de mais desejos...

Lá fora lampeja
E nossa peleja...

Ainda bem que o amor é fase.
E nós fazemos amor
Sempre que a dor nos ameaça...
Assim, fugimos das maldades da vida.

Cada

Cada verso inverso, uma dor
Cada mundo imundo, uma flor
Cada insônia de Sônia, um amor
Introspecto meu exterior...

Cada vento invento, uma cor
Cada sento isento, um favor
Cada catavento, catador
Incerto meu mundo incolor...

Cada frase inflamável, uma vida
Cada crase implausível, uma vírgula
O que fazes imposível, uma verdade
E tu serás a força...À força!

E eu, a cada momento, minto
A cada sentimento, não sinto
Cada queda inquebrável, inquedível
Logismo neo - assim, a cada palavra minha.
Invento vento que sopra
Catavento e vida que sobra
Muito barulho e confusão.

Queda e quebra abracadaba fechada
Abraçada...Sem braços!

Inverno não chuvoso
Lixo ácido limpo
Antigamente as coisas eram novas...

Perece que a calma é tão desesperadora
Alma desesperada...
Algo me espera!

Algo sem coisa alguma
Vida nenhuma sem caminhos
Um caminho perigoso
Viajei de caminhão...

Feijão verde, piqui e queijo
Meu baião está pronto
Mas apronto um monte de besteiras
E besteiras são tão importantes...

Exporta e importa
Economia de balanças comerciais
Balança a criança na rede
Faça ela dormir...
Balança a vida, então!

É verdade que os astronautas nunca foram à lua
E eu fui a lua branca que some quando amanhece o dia
À noite, virei drácula
Morcego e sossego (sou inquieta, anêmica)

Apaguei os poemas dos poetas incontidos (duplo sentido - poemas ou poetas?!)
Fui tema proíbido há mais de três décadas
E nasci há duas décadas apenas...

Que pena que não há pena de morte
A pena não escreve mais
Corte e cortês mais uma vez...

E era uma vez esse poema
Sem pé nem cabeça
Mas com alma.
Velhas lembranças:
Areia e pedras
Arame e palha...

Um terreno baldio
Pedaços de tijolos
Lençois e velas...

Água e baladeira
Peão e bila e pipa
E bombolê e trancelim.

Hoje, novas lembranças:
Eu (adulta frustrada)
Uma alma inquieta -
Mais nada.

Discursos contrários

A vida é a morte
A dor é a alegria
A verdade mente
A noite está de dia...

Assim, de outro jeito
Perfeita imperfeição
Errado o meu direito
Alma em baixa inflação...

Vocábulo discursivo ( não sei ler)
Discuto, escuto inculto o meu oculto...
Anafalbetismo, meu batismo
Comunismo das idéias...

Idéias náufragas
Por serem contrárias às vigências normativas...
Não correspondem fielmente à gramática...

A gramática é problemática
Problemas de matemáticas
Minha temática...
Linguagem fática!

Hímen - ser virgem sempre
E encontro operário contrário
Um otário de salário mínimo
O mínimo da vida é viver
E mal se sobrevive...

Sem nexo, o meu discurso
Feito sexo sem amor
Com os dedos...
Meu medo
Com a língua...Linguagem fática!
Estou em cima da rima
Mas ultimamente prefiro os versos livres...

Falta algo, eu sei...
O moço, as festas no peito
Ou o príncipe encantado.

Isso não é liberdade!

Penso estranhamente
Sinto indescretivelmente...

Rezo porque não quero morrer...
Sonhos vêm e vão - em vão...
A alma, meu chão sujo.

Rezo descrentemente
Meu café quente e amargo
Feito minha vida absurda.

Sou pobre, mas tenho a beleza...
Mas tenho a dor
Mas tenho os medos.
Mas...
Contrariamente sou certa.

Estou em cima da rima
Minha vida para baixo...
Versos são invenções
Invenções estas tão verdadeiras...

Estou em cima da rima (no mesmo verso)
E isso tudo termino - não mais converso
Repenso...
E sempre falta algo...

Metalingüismo

Penso poesia que passa,
Poesia que pede,
Que pensa...

Percebo poesia que se perde
Poesia penosa
Que percebe...

Pareço poesia sem palavras
Poesia perigosa,
Poesia que parece...

Posso poesia poderosa
Poesia que padece,
Que pode...

Patética poesia em prantos,
Poesia em pausa
Poesia que pára.

Ilusão

Eu poderia acreditar em um mundo melhor
Brincar de ser feliz pelo menos uma vez...

Mas a vida foi feita para ter fim
E infinitamente acredito na eternidade...
...E isso acaba comigo!

Sorrir para a menina bela
Ou para o moço atrapalhado
Um futuro, uma verdade, uma saída...
Os problemas cotidianos dos outros
Que ninguém quer saber...

Um amor, um abraço, uma voz...
Uma mensagem
Minha passagem para a desilução.

O conto de fadas sem canto, sem encanto...
A política demasiadamente pouca
A razão demasiadamente louca
Minha voz demasiadamente rouca
Por gritar e ninguém ouvir!

Filhos, Igreja
Qualquer coisa que seja
Para poder ser feliz...
A felicidade não existe...
Ela é triste!

Acredito em mim
E morro por saber que o amanhã morrerá
Sem que ninguém perceba...
Fim.

A fala

Escrevo a fala que cala
Exala silêncio
Sem timbre - a voz.

Escrevo a fala sem discurso
Pulso barulho
Sem argumentos - a fala.

Escrevo fala sem linguagem
Vantagem idiomática
Sem compreensão - a fala.

Falar sentimentos,
O que se sabe,
O que se quer...

Discutir, narrar, descrever...

Eis minha fala calada...
Nada houve...
Ninguém ouve,
Mas apenas fala.

Para Quedas

Pára-quedas
Para o alto e caia...
Parabrisas...
Parabéns, meu mal...
Parachoques não elétricos
Parece tudo desigual
Aparece meu sumiço assim de repente
Para além de tudo ser nada...
Padece a vida porque não vive
Perene é a alma e pára...
...Tudo a mim pertence...hipertenso!
O bom senso insosso - paralamas...
Paralelo meu paralelepipedo
Percebe o que dorme sem sono - meu pijama
Pará, verde estado desmatado
Onde vive a moça estranha e bela...
Desmatado, ainda bem!
Porque quem o tivesse matado,
Iria se ver comigo...
Ninguém me ver...
Parafraseando, parafina...
Pífano sem som
Em minha toca ninguém toca, ninguém o toca...
Para isso, portanto...
Poemas e esquitossomose
As palavras paradas.

Enfermos

A vida dói tanto
Em geral, sou peculiar
Sinto fome, sinto sono, tenho amor...
Rezo todos os dias
Os santos me desconhecem
Os loucos sabem quem eu sou...

Fazer do bem o mal
A alma corruptível
Basta o Poder!
Os seres humanos que não são humanos
Nem deuses...

A saúde em mim se faz
Quando me abstenho da dor
E desacredito das crenças...
E acredito nisso tudo que sinto e escrevo.
A tarde arde
O suor na testa
O semáforo vermelho
As avenidas sujas da vida
A preocupação neurótica...

A noite, alma erótica
Música gótica
Flor de lis para ser feliz...

Vivencio no cio
Artficial frio
Meu cheio vazio...
E choro e rio
E a vida escorre pelo rio...

Rio Salgadinho
Poluído (alma suja)
A dita cuja - Fuja!
Minha caramuja...

Olhos vivos
Paisagem morta
Levei uma paulada na cabeça
E Paula não quer saber de mim...

Estudo...
Tudo e ser nada
Quase sempre...

De madrugada, as insônias
E Sônia não quer saber de mim...

Espaço, espero
Não quero mais porque quero
Um sentimento mero...

Entendo e não tendo
Ser se não sendo for
E ver porque vendo é
A poesia é esta flor...

Flor que não cheira,
Mas tudo que passo agora, retrata
E mesmo que não queira
Poesia é vida e mata.
Com qualquer sorriso, a dor
O que nunca preciso, mais amor
O chão que piso, perfumes de nenhuma flor
Qualquer juízo, minha cor
Meu paraíso que não é e nem se for...
Assim, poetiso, profetiso: meu humor

Sem opções

Hoje em dia a mesma folia de sempre
Periodicamente, perde-se o valor
Entender a mais-valia é taxação
Comunista sem ação.

Mais valia o homem sem valor
Do que a validade eleitoral vencida?

Por favor, por amor, por dinheiro...
O mundo inteiro mundializado
Horrorizado com essa história sem futuro...

Subi no palanque político
Participei do banquete
Lavei roupa no tanque
Fui na praça e tomei um sorvete...

Meu voto veta - sem inventor
Não sou atriz nesse cenário
Mataram um otário
Porque foi acusado de traidor...

Eu não traio a dor...
Sou fiel a minha alma
Perco a calma sem aplausos
E meus casos e acasos
...É tudo raso.

Opções.
Sexuais, politicais, infernais...
Quem quer menos com mais?
Vidas ilegais...

Então, decidi votar em branco
Ficar em cima do muro
Mas o muro de Berlin foi derrubado
E eu caí...
Sou sem cor.

Um político amigo meu
Pobre coitado, morreu!
Foi baleado pela dança de balé...
Coisa de menina!

Mais tarde será muito cedo
E eu tenho medo da política e toda sua conjuntura
Democracia ou Ditadura?
República ou Império...
É sério!
A vida ou a morte
Não tenho opções.

Escrevo...

Escrevo porque tenho pressa
Posso passar o tempo todo na graça literária
A modo grosso, de graça e desgraças...


Escrevo porque me impressiona muito a alma
E me pressiona tanto a dor que já não dói tanto
(tanto, tanto, tanto, tanto)

Me agarro em mim
Sou cigarro aceso
E a cigarra a cantar...
Meu carro não tem combustível
(não tenho nem carro)
Me amarro na corda que acorda de manhãzinha cedinho
Como?
Como incomestível...

À tarde vou para uma pelada
Meus amigos querem que eu jogue na lateral...
Mas o meio está nu, cru...
Meio Ambiente
E eu estou meio confusa...

Indagações das borboletas
Sem asas...
Nos ônibus lá estão elas inférteis e paradas...
Aquela "parada" é pesada demais (de menos - pelo menos)
Amenizo...

Escrevo porque gosto do ingostável
Esgotável, reciclável idéia inreciclável...
Comparo e não páro (sem páros)
Continuo escrevendo...
Porque escrever não é ver
É sentir...e sem ti (Óh! textos ilegíveis legais)
Não seria eu, nem seria ninguém...
Porque escrevo para refletir...
(Meu reflexo sem nexo, bem complexo, em anexo o meu sexo - bem simples).

Devoção

De todos, ninguém
De muitos, quase poucos verdadeiros
Entendo inteiramente a metade
As partes que partem a vida
Sozinha...Em parte!
E caminho para qualquer parte
Sem arte...

Agora (sem tempo)
De loucos, a sanidade
De semelhanças, a diferença
De distantes, a proximidade
Um abraço de fácil acesso
Insensível...

De amores desamados
Alma desalmada
De mundos inquietos, a tranqüilidade
Um carinho explícito envergonhado
Cheio de pudores, a vida!

De voto, não eleito nenhum político
De soltos, a liberdade presa
De belos, a feia beleza...
Devotos, a santidade cristã
De manhã
Alma vã quase sã...
Coração em devoção
Poesia destrambelhada
Fotografia sentimental
A alma que devota, revolta, escolta a dor.
Cada sentimento um momento inoportuno
Qualquer argumento e ser qualquer absurdo
E surdo...
Ninguém ouve o que nada houve
Sempre assim, por que não?
Porque se sim, a verdade escondida...

Qualquer coisa invento
Ventos sem ventania
Catacreses e cataventos
A noite estar de dia...
Crases, vírgulas e agudos...
Me exclamo!

Preposições de verdades
Com gramáticos problemáticos
Inquietos, loucos...

Qualquer modo é moda
A vida incomoda
A verdade sozinha se acorda...

Travo, lavo, enxugo
Resmungo a escrita da poesia
E acabo por não dizer nada...

Mas atrás do muro
A dor sempre curo
O abstrato é tão concreto
Vivo longe de mim por estar perto sempre...
E a felicidade é escombros da alma
Qualquer momento...qualquer absurdo!