sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Eu estou sobre mim, um você
E sem ter o que fazer, diante do amor
Me apego e me nego e me indetifico
Mundo cego e me entrego, sentimentos ricos
Fico sempre me guardando da filosofia
Da sua alma e do seu perdão
E de tudo que eu dei, nada mais errei...
Preciso da sua absorvição
Mas me responda na minha fraqueza
O nosso amor que é pecado
Se só o amor cura o pecado
Então tenho a alma na pobreza?

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Tenho um canto preso sobre a liberdade
Em meu canto, procuro outros cantos
O pouco que tantos
E os prantos
E os santos
E os diabos dentro de mim
Sou anjo sem céu
Mundo cruel
É o começo de um fim
Um sim pelo não
Um chão bem em cima
Uma rima, um carvão
Um eu bem distante que se aproxima
Paradoxos e personagem metalingüistica
Política versus razão
Sou louca e me elogio
Sinto sempre frio
E já estou cheia de vazios
A loba no cio
A loba boazinha que agora é má
Eu me penso e repenso no meu cantinho
Esperando tua voz a cantar.
Restos cobertos
E eu aqui
Hoje fui amanhã
Uma linguagem da alma
Não compreendida
Quero viajar...
Me cubro e me descubro
Sou erro...
Tu não sabes em que escuro eu clareio
Em teus seios, Ó minha menina...
Tuas mãos a me acariciar
Comento e cometo sempre o nunca
Te quero e tu nem me percebes
O amor que recebes, não sabes, nem sentes
Porque tu ainda vais existir em meu peito
Quero te encontrar na noite
Sentir o açoite dos teus cabelos
E as rimas dessonantes destes versos que eu fiz para ti
E tu nem destes conta de quanto eu te venero.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Permito-me um segundo reflexo
Meu sexo contínuo e sem amor
A dor que se tem não se sabe, se cabe
Se sente como o perfume de nenhuma flor.

É complexo, e sempre falo o questionamento do nunca
Verdades são mais mentiras
É bonito o rosto das crianças
E sou infantil-amadurecida.

Tenho idéias não tão loucas quanto o mundo
Imundo é quem não arrisca nada
O real dos sonhos, verdades
Qual o beijo da namorada?

O beijo repensa os sentimentos
Nessa filosofia vã
E amanhã de manhã
Irei adormecer, chorar, viver e morrer.

Os sonhos são rouquidãos da vida pasma
Sem alma, estes meus mistérios
E um amor sério
Amor é ódio (que traumas!).
Sentimentalidades insensíveis
Mundo vasculhado, e poemas sem nexos
O preço capitalista na alma encravado
O amor louco coberto de razão...
Mas não me impressionem,
Se pensam que suportarei a vida como mera realidade
Não sinto pena da vida obscura dos pobres
Porque os podres são mais sábios
E são mais cobertos de razões
E sem mim, nunca mais viverei.
Fiz uma ligação telefônica para o céu
E foram cobradas tarifas pela força divina
E sempre pergunto...
Pouco, razoável, agora muito
E sem assunto, eu rimo estas tralhas.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Mais nada

Coisas e relatos
Maus tratos
Sou bem vinda ainda
Minha vizinha é rebelde
O padre reza as ave-marias todos os dias
E eu não compreendo mais atitudes
Uma mulher qualquer
Um dia desses na rua
Um amor que atua em outro cenário
Lembranças da infância
E remédios controlados
Um controle remoto programado
Meu bem amado
E também odiado
Meus irmãos são unidos
Todos os pecados são punidos
E eu continuo a vagar devagar.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Confissões

Eu não amo ninguém
Tenho o bem, porque quero o mal
Não fumo, sem rumo
Sou doce pelo sal.

Minto e curiosamente nesse momento falo a verdade
Porque não quero morrer sozinha
E se penso no fim
Começo tudo outra vez.

O arrependimento não existe
Minha felicidade é triste
Porque o sol se foi junto com as chuvas
Chuvas que nunca caíram.

Tenho fome, mas durmo
Não como, apareço e sumo
E em resumo, eu sou prolixa.

Meu sexo, dispenso fantasias
Meu luxo, sou simplória e tenho complexos
Dinheiro, o consumismo é comunista
E ainda penso em estar viva.

Motivos, os quais tudo isso eu confesso
Medo e coragem
Margem de vivacidade e morte
Sorte em ter a alma à flor da pele
E a pele a alma me devoram
Sou ser que não se sabe
Nem se quer, nem se pensa
Apenas se cabe.
Me reclamo e me amo
Me inflamo e te chamo
Me acalmo e te sufoco
Tenho sonhos poucos
Amores loucos
Mas se vivem
Socorro, vida que morro
Que corro sempre atrás
Que se perde no que se faz
E me traz um novo amor
Um motivo bem maior
Que este que me faz estar aqui
Um mal que se aproxima
Um verso que se rima
O baixo com o em cima.

Personagem

Sou tímida
E tenho a timidez como forma de me expressar
É uma personagem que sempre crio
Tenho frio e, simultaneamente, tenho calor
Sinto dor quando também sinto alegrias
Sou o dia de noite
E é tão forte essa minha fraqueza
É belo o que sempre digo e não faço
É natural que se pense assim sempre
Mas nunca me devore sem motivos
Preciso viver perto de ti
Mas minha doçura é uma sensação amarga diante da alma
Esqueço verdades, mas sou uma mentira em ti.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

A TE ESPERAR

Te espero até tarde
E me rascunho à lapís, o teu amor
Porque minha alma arde
E invento mais uma dor
O teus abraços tão distantes
Te procuro, não te encontro
É apenas mais um confronto
Nessa vida desmedida, sem amantes
A arte pela arte
E em qualquer parte
Eu estarei a te esperar
Metrificarei os sonhos
E ainda estarei de alma limpa
Mas se tu não chegares aonde mora minha liberdade
A alma que arde, arderá ainda mais
Sem felicidades, fujo até a mim
Sou um fim de cabeça erguida.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Não ser a boazinha

Quero a sua atenção
Nesta tensão de me ver sozinha
E me sentir um traste
Acaba logo de uma vez com toda essa aflição!
E peço que de mim não se afaste
Estou só e não me percebo mais
Não me entendo e a procuro sempre
Nunca tive de verdade uma mentira
E a tenho na escuridão
Já é a fome de migalhas
Tento esconder minhas falhas
Mas o espelho sempre mostra o meu rosto
Não sinto gosto de nada
Se tento ser fada
Sou o diabo, que desgosto!!!
Me encosto em mim mesma
E carinhosamente me destruo
Viver, verdadeiramente, me queima.

Perfeição

Deitada nas verdades quase estranhas
E de repente, quando me percebo estou em ti
Mas me rascunho em múltiplas perdas, se tu me ganhas
Porque em tamanhas almas, tão pequenas a fingir
És minha adorada perfeição
Me entrego e me refujo
E vasculhando o mundo sujo
Recebo teu coração.
Mas teu coração não me percebe
E limpo minha alma errônea
Apenas, penso em viver
E se tu duvidares
Entre o céu, a terra e os mares
Imortalizarei minha loucura.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Substantivo

Estou no singular
Sem ninguém para me pluralizar
Sem o substantivo abstrato
Que pode se transformar no verbo amar.
Estou substantivamente simples
Precisando de alguém para me compor
Abstrativamente sem amor.
Um substantivo sem coletivo
Um substantivo bem primitivo
Um substantivo sem cor.

Não há

Procuro estrelas de manhã
E encontro a dureza das coisas
Procuro o sol de noite
E encontro a dureza das coisas
E procuro a lua
E não há lua
Apenas as durezas das coisas.

Canção adversária

Versos versus versos
Inverso versus versos
Rimas versus não rimas
Rimas versus liberdade
Liberdade versus inversos
Versos versus versos.

Poesia

Vão-se os dias
Como as nuvens do meu céu
E não tenho céu.
Vão-se as alegrias
Como se vão os dias
E não tenho dias.
Sou o tempo sem dias
Sou o coração cheio de amor
E não tenho amor.
Sou a ferida sem dor
Sou a alma da minha dor
E não tenho dor.
É certo os caminhos que se cruzam
A poesia dos caminhos
E não tenho caminhos
Apenas tenho a poesia
Que me faz ter a vida
Cruzando o meu caminho.

Esqueceram

Em vão, à toa
Um coração, uma pessoa
Um mundo profundo
A sua voz já não soa
E quando doer, não doa
Distante dos dias
Mortas as alegrias
E sendo rei sem coroa
E ninguém o perdoa
Mata-o em silêncio
Apagando o incêndio
E toda sua história
Que guardei na memória
E a esqueci
E choraram pela sua morte
Que nunca vivi
E perguntaram e não responderam
E mataram e choraram
E esqueceram.

Loucura

A fé é a loucura
A loucura é a morte
No universo da amargura
Na fraqueza, loucamente forte
Os atos são as sortes
As sortes são as doenças sem cura
A vida no caminho da morte
A morte na minha loucura.

Amor culpado

Final de tudo
Amor secreto
Que nem eu posso saber
Amor mudo
Que vai direto
Totalmente incerto
Morrer antes de viver
Amor absurdo
Que maltrata o coração
Improrando para se acabar
Amor que pede perdão
Porque eu quero amar.
Diante do meu túmulo
Perdida nas ansiedades
Dominada pela insônia
Sinto vontade de viajar pelo espaço
Pelo espaço sideral
Pelo espaço oco
Pelo espaço dos teus braços
Pelo espaço entre as estrelas e minha alma
Pelo espaço incotido que me contém;

Não desisto pela imensidão dos meus pensamentos
Pela crença da beleza feia
Pelo poder de despoderar
Nem pelas contradições que me definem;

Fora da minha força subversiva
Subentendo verdades
Entre a beleza burguesa
E a liberdade de desistir;

Cai a noite
Pelas rezas que não funcionam
Pela flexibilidade de não se condenar
Pelo pecado religioso
E o processo da tolice;

Decidi, ideologicamente
Que a liberdade
Se não é ser livre enquanto vivo
É escolher não ser nada:
não ser atéia, não ser religiosa
Não ser comunista, capitalista ou anarquista
Não ser o mundo ao inverso
Nem o padrão normal
Não ser Deus, nem o céu inescrupuloso
Ser, apenas, uma simples alma
Em busca de carinho;

Mas já que tudo isso é impossível
Só resta viver o que convém,
O que entre as mãos se revela.

Diversos

Um louco no psiquiatra
Uma flor no cemitério
E um céu
Azul, branco, verde
Qualquer cor que seja
Uma boca pequena que beija
Um beija-flor
Que também beija os lábios dos sábios
Que também faz amor
Palavras presas umas às outras
Outras livres, desordenadas
Outras, simplesmente nada
Não há laranjas nas laranjeiras
Não há páginas nos livros
Nem versos nas poesias
A liberdade está presa no conceito de liberdade
De versos, sei do meu perverso crime
De crimes e universos
Tenho dois versos
Nem mundo inverso
Rimas versus outras rimas
A inocência do réu
Porque estou no céu
Em mundo diversos.
Para dizer que não se diz
A alma poética se entrega
No mundo só é feliz
Quem afirma o que nega.
Nesse paradoxo me imprimo
Me revelo em um erro pronominal
E sempre rimo
O bem com o mal.
Calaram minha voz
Minha sombra se apagou
Caminho nessa vida atroz
Meu mundo feroz
O nunca saber aonde estou.
E sei aqui calada
Resmungando seus sentimentos
Faço tudo por nada
Sem contos de fadas
Tenho no peito todo esse tormento.
Finjo alegrias impróprias
E logo estarei à margem
Alma sombria
Imunda se faz a minha imagem
Agora sem palavras, só lágrimas
E um pouco de atenção da morbidez severa
E no final já não tem mais rimas
Transformo-me em ser selvagem
Perco minha filmagem
Sou um anjo fera.
Teus beijos não me beijam
Tua boca só fala de mim
O teu bom gosto é ruim
Língua com língua
Meu português mal falado
Fala inglês bonito
Bonito é o mundo feio
Tu não vieste
Teu amor não veio
Corto os pulsos
Socialismo russo em teu corpo
Com gosto de mulher
Mulher inútil
Não há segredos para viver
Tu cantas e eu choro
Teus cabelos molhados e os meus amarrados
Minha alma se perde
Não há retorno
Estou em ti
Meu império não se expande
Meu amor não é grande, nem certo
Mas somos felizes assim.

Indagação

Um elogio ou um insulto
Mundo inculto perspícuo
Amores longícuos
Só eu em meu vulto
Oculto, meu eu estrelado
Sem constelação, o meu peito
E sempre nunca se tem feito
Porque eu estou ao meu lado
Coisas ildevânicas a responder
Alma que se indaga
Existir ou viver?
A existência da vida que se estraga
Agora, retorno ao meu louvor
Sentindo, simultaneamente, amor e dor
E um vazio me consome
Sou sem nome.
Te beijo na noite amanhecida
Mas a noite não amanhece
Vago nos vagões da solidão
Mas a solidão está acompanhada
E os beijos se perdem
E me pedem socorro
Mas os beijos eloqüentes
De tão eloqüentes não são beijados
Minha língua está cortada pela fala
O amor é coloquial
É o comum e preconceito
Como se abre o meu peito
Misturo amor e capitalismo
Meu futuro está no passado
E o presente esqueceu de ser dado
A vida é um dado não jogado
Ainda espero, porque é a última coisa que se morre.
Tenho um poema
Sentado na cadeira
O pensamento
Fora da cabeça
E o amor e o amor
Mais uma vez
Troco um poema
Tem sol no frio
Café amargo e a filosofia
Há tempo para nascer
Para viver
Para morrer
Tomo um poema
Acendo um fósforo
Para queimar as ânsias
Tem pureza no pecado
O mundo se perde nas nuvens
As nuvens não chovem
Pago imposto para viver
E a vida é imposta pelo céu
Engulo o poema
Feito em árvores
Destruo a natureza.
Cada metade de mim
Precisa de mim
Sou de mim estranha
Sou dos outros distante
Sem poesia
Sociedade poética
Sem leis
Sem atrativo
Vivo pelo motivo
Sirvo aos senhores com hipocrisia
Sou o dia de noite
Me atrevo a ser um ser poético
Rimo liberdade com escravidão
Recebo as verdades que se dão
Numa mentira qualquer
Numa alma de mulher
Crio meus espaços opacos
Nas palavras nunca ditas
A beleza de amar não acredita na vida
Assisto ao terror do amor
E assisto os inocentes da dor
Não falo mais em mortes porque não há mais cortes
Tão profundos como antes
Farei da vida perversa minha amante
Farei da podridão o perfume das flores mais belas
Farei do preto cores vivas
E eu estarei comigo.

Secreto

Sinto algo secreto
Perto do que é longe certeza
Beleza feia já foi descrita
Grita silenciosamente em mim
Assim que eu soube tentei viver
Ser algo secretamente certo
Deserto a lua cheia
Feia, cuidadosamente fera
Mera casualidade?
Idade agora das trevas
Serva dos sentimentos
Momento inoportuno da vida
Ferida, mas parece lenda
Renda-se por mim
Assim que eu o quis
Feliz com o olhar de quem não olha
Molha, a água seca
Dantesca é a vida divina
Menina certamente erra
Enterra a alma
Traumas, talvez se tenha
Contenha-se a vida
Vendida à baixo preço
Avesso da minha versão
Coração atento para pulsar
Amar é um perigo?
Digo que sim
Assim me componho
Sonho infinitamente.

De rosa eu entendo

O cravo encravado,
Livre pelo escravo
Eu não encravo
E não brigo com a rosa
A rosa que não é rosa
É amarela,
Bela,
Eu a vejo murcha
Vida Puxa! Vida
Ela não me puxa
É a pobreza que luxa
É a verdade mentirosa
É a rosa e a rosa,
O cravo e o cravo,
O mundo que cavo,
O favo de mel
O certo sendo réu
Vida que escrevo
Eu me atrevo
Roubo o perfume da rosa
Rosa sem Ana
Que engana
O perfume fedido, bandido
A rosa não presta.

A razão

Vivo no delírio
De querer saber
Ou de apenas não querer
Aceitar a resposta
Se aceito, fico cega
Vem a loucura e me entrega
A razão, fechando a porta
Vem e não se importa
Prefere me ver morta
Vivendo na escuridão
Tendo e não tendo
A razão.

Nenhuma Rosa

O porvir está por vir
Vi os olhos que não vêem
A alma que se esconde no corpo
O lobo é bobo
Amar é uma má coisa
Dentro da obscuridade
No sentido próprio do termo
Nesse enfermo, nenhuma rosa.